Correio Braziliense, n. 21086, 16/02/2021. Saúde, p. 11

 

Oxford: OMS dá aprovação de emergência

16/02/2021

 

 

Em uma tentativa de acelerar a imunização contra a covid-19 nas populações mais desfavorecidas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) concedeu, ontem, a aprovação de emergência para o uso da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca. A medida, prevista em situações de emergência sanitária, acelera os processos de liberação de vacinação em países que não têm meios próprios para determinar, sozinhos, a eficácia e a segurança de um medicamento.

A fórmula em questão representa a grande maioria das 337,2 milhões de doses que o dispositivo Covax — integrado pela OMS, pela Aliança da Vacina (Gavi) e pela Coalizão por Inovações em Preparação para Epidemias (Cepi) — pretende distribuir no primeiro semestre deste ano. Ao todo, 92 países e territórios receberão gratuitamente os imunizantes por meio do dispositivo que busca garantir um acesso equitativo às vacinas contra o Sars-CoV-2. Os mais pobres terão prioridade. Entre eles, Etiópia, Ruanda, Afeganistão, Somália e Haiti.

"Os países sem acesso às vacinas até hoje poderão finalmente começar a imunizar seus profissionais de saúde e as populações mais vulneráveis", declarou Mariangela Simão, vice-diretora geral da OMS responsável pelo acesso aos medicamentos. As doses são fabricadas na Coreia do Sul e na Índia pelo Serum Institute of India (SII). A aprovação de ontem diz respeito a essas duas versões, de acordo com comunicado divulgado pela agência da ONU.

Acima dos 18 anos

Na semana passada, um comitê de especialistas da OMS recomendou o uso da mesma vacina para qualquer pessoa com 18 anos de idade ou mais, inclusive as que moram em países em que circulam as variantes mais contagiosas do novo coronavírus. A decisão foi tomada em meio a dúvidas sobre a eficácia da fórmula entre idosos com mais de 65 anos — questionamento levantado principalmente por países europeus — e a descoberta de uma variante do Sars-CoV-2 na África do Sul.

Para a agência das Nações Unidas, a vacina da AstraZeneca/Oxford cumpre perfeitamente a prioridade do momento: limitar a gravidade e a mortalidade de uma pandemia que já matou 2,4 milhões de pessoas em pouco mais de um ano. Entre as vantagens da fórmula, estão a possibilidade de armazenamento em sistemas comuns de refrigeração e o baixo custo — cada dose custa, em média, US$ 3 (por volta, de R$ 16).

A AstraZeneca prometeu não lucrar com o produto, mas, como outros fabricantes, tem encontrado dificuldades para responder à enorme demanda pela vacina e teve que buscar empresas parceiras para conseguir produzir uma maior quantidade de doses.
O Reino Unido foi o primeiro país a autorizar o uso da fórmula, no final de dezembro. No Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) firmou uma parceria com o laboratório britânico que prevê a compra de mais de 100 milhões de doses e a transferência de insumos para a produção local.