O globo, n. 31967, 13/02/2021. País, p. 7
Filiação de Bolsonaro avança, mas Patriota quer evitar 'porteira fechada'
Jussara Soares
13/02/2021
Presidente se reuniu com dirigentes para assumir comando da sigla. Partido, porém, quer manter controle em estados como Rio e SP
Sem constar previamente na agenda oficial, o presidente Jair Bolsonaro recebeu ontem um grupo de representantesdo Patriota para discutir sua possível filiação à legenda. Na conversa, segundo relatos feitos ao GLOBO, o chefe do Executivo prometeu que nos próximos dias delegará auxiliares para conduzir as negociações com a diretoria da legenda. O ministro do Turismo, Gilson Machado, participou da reunião e, segundo integrantes da sigla, deve ser um dos responsáveis por tentar o acordo com o Patriota. No encontro, Bolsonaro teria reafirmando o interesse em ingressar na sigla para disputar a reeleição de 2022, mas evitou pedir diretamente o controle do partido. Sua intenção e de seu grupo é assumir o controle do Patriota, mas um racha na cúpula da legenda ameaça os planos do chefe do Executivo. Na reunião, Bolsonaro já teria sido avisado que há resistência em entregar os diretórios como do Rio, São Paulo, Minas Gerais e Maranhão. A reunião começou às 11h15m, conforme a atualização da agenda feita na noite de ontem no site do Palácio do Planalto. Estiveram no Planalto o presidente Adilson Barroso e o vice Junior Marreca, exdeputado e amigo de Bolsonaro. Também compareceram o coordenador do Conselho Político do Patriota, Nilton Silva, o Niltinho, e os deputados Pastor Eurico (PE) e Evandro Roman (PR), além da presidente do Mulher Patriota do Paraná, Cátia Presa. Roman e Cátia registraram o encontro em suas redes sociais. Embora aparecem na agenda, o líder do Patriota na Câmara, deputado Fred Costa (MG), e o deputado Dr. Frederico (MG), não compareceram. Questionado pelo GLOBO, Barroso, que está em Brasília, negou que tenha se encontrado com Bolsonaro, apesar de confrontado com a informação de que ele foi visto na sede do Executivo. O dirigente se limita a dizer que tem apena sorando para recebera filiação deBol sonar o como uma "bênção." —Os parlamentares forame devem ter levado algum assessor que acharam que era eu, mas não fui. A conversa hoje era só com deputados, nada sobre partido. Isso só vai ocorrer em março —disse Barroso.
FUSÃO COM O PRP
A filiação de Bolsonaro, no entanto, não depende apenas de Barroso, que atualmente não tem maioria na sigla. Em 2018, o Patriota, para cumprir a cláusula de barreira e ter direito ao fundo partidário, anunciou a fusão com o PRP, controlado por Ovasco Resende. Barroso, embora se mantenha na presidência, tem apenas 30% da sigla, enquanto Resende domina 50%. Os cerca de 20% restante estão nas mãos de parlamentares. Barroso afirma querer retomar a história interrompida em fevereiro de 2018. No ano anterior, ele havia mudado o nome da sigla de Partido Ecológico
A filiação de Bolsonaro, no entanto, não depende apenas de Barroso, que atualmente não tem maioria na sigla. Em 2018, o Patriota, para cumprir a cláusula de barreira e ter direito ao fundo partidário, anunciou a fusão com o PRP, controlado por Ovasco Resende. Barroso, embora se mantenha na presidência, tem apenas 30% da sigla, enquanto Resende domina 50%. Os cerca de 20% restante estão nas mãos de parlamentares. Barroso afirma querer retomar a história interrompida em fevereiro de 2018. No ano anterior, ele havia mudado o nome da sigla de Partido Ecológico
Nacional (PEN) para Patriota para receber o então deputado federal Bolsonaro como candidato à Presidência. Após interferência do advogado Gustavo Bebianno, ex-ministro morto em 2020, Bolsonaro se filiou ao PSL. —Agora, se der certo, não tem essa de namoro mais não. Tem que ir direto para o cartório. Já conhece, então tem que casar logo de papel passado —disse Barroso. Na época,Bolsonaro e Bebianno só negociaram ficar no comando do PSL durante o período eleitoral. Após a disputa,
O partido nanico virou a segunda maior bancada federal com um fundo partidário que pode chegar a R$ 500 milhões até 2022. A briga pelo controle do caixa culminou na saída do presidente do partido em novembro de 2019. Naúltimasegunda-feira,em entrevista à TV Band, Bolsonaro disse que quer definir sua nova legenda em março e que está "namorando alguns partidos, dentre eles, um tal de Patriota". O presidente disse, então, que não poderá ir para um partido que não seja "autoridade", como ocorreu no PSL.
Resende sinaliza que não está disposto a entregar o controle da legenda para Bolsonaro. Em entrevista à revista Época, o dirigente afirmou que tudo deverá ser decidido pelos integrantes do partido, mas não cogita entregar o poder: — Trabalhamos com construção e com o tempo, que vai alinhavando uma relação. Não existe possibilidade nenhuma de qualquer liderança vir para tomar o comando do partido. Isso é fora de qualquer mesa de conversa. Ou se confia no partido para o qual você vem ou não. Somos um partido sério.