Título: Pelo fim do trabalho infantil
Autor: Rafael Baldo
Fonte: Jornal do Brasil, 30/01/2005, Brasília, p. D4

O carroceiro Divino José dos Santos tem dois filhos. Rodrigo, de 16 anos, está fora da escola e não ajuda o pai a recolher os papeis e latinhas nas ruas do Plano Piloto. O menino mais novo, Roberto, de 12 anos, está incluído no Programa de Erradicação do trabalho Infantil (PETI). Todo dia, ele vai pela manhã no colégio estudar. À tarde, pratica esportes e tem aulas de reforço. A ajuda é muito bem vinda, ressalta Divino. O filho mais novo não está nas ruas e aprendendo o que o mais velho não teve oportunidade. Rodrigo não pode participar do PETI por ter mais de 15 anos, idade limite de assistência do programa. Mesmo assim, Divino é grato pela oportunidade conquistada por Roberto.

Divino perdeu muitas vezes o barraco onde deixava a carroça, no lixão da 911 Norte. O mesmo governo que dá condição para o filho do carroceiro usou um trator para destruir a pousada improvisada e colocou fogo nos papelões recolhidos. O PETI paga R$ 40 por mês para o pai de Roberto continuar a mantê-lo na escola.

- Tiram a invasão e o barraco de pessoas que não tem condições, como eu. Ando de Planaltina de Goiás toda semana até o Plano Piloto. Sem um lugar para ficar, durmo no relento - afirma. Ainda bem que não pelo menos um filho meu não está na rua, relembra Divino.