Título: Programas sustentam meio milhão
Autor: Rafael Baldo
Fonte: Jornal do Brasil, 30/01/2005, Brasília, p. D4

GDF gastou R$ 303 milhões nos 64 programas sociais, em 2004. Outros cinco devem ser criados ainda esse semestre

Restaurantes comunitários, ajudas de renda, bolsas de escolas, isenção de cobranças, alternativas de esporte. Os 64 programas sociais do GDF em 2004 tentaram abordar as diferentes necessidades da população carente do Distrito Federal. Mais de 500 mil pessoas, cerca de um quarto da população local é atendido por algum projeto social. O Programa de Desenvolvimento Social despendeu R$ 303 milhões no ano passado, e pretende incluir mais quatro projetos ainda no primeiro semestre de 2005. Porém, 45% dos beneficiários do Renda Minha foram descadastrados por fraude de dados, muitos tinham condições financeiras suficientes para não serem incluídos nos requisitos do programa. Muitos projetos ainda não se interagem com outros, dando o recurso para poucos ou só beneficiando um dos membros de uma família carente.

A estrutura do governo ao mesmo tempo tem uma figura central na coordenação, a vice-governadora Maria de Lourdes Abadia, e uma fragmentação na divisão dos projetos sociais entre as secretarias. São 13 instituições do Estado com projetos específicos, além dos benefícios repassados pelo governo federal. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quatro programas ajudam cerca de 77 mil carentes no DF.

Algumas secretarias possuem funções especializadas, como a Secretaria de Solidariedade. Desde 2000, quando foi criada, as críticas ao status de secretaria não cessaram. O secretário Milton Barbosa não comenta a questão, mas acredita que, se a secretaria existe, é porque se fez necessária. A desempregada Gislene da Conceição recebe uma cesta de alimentos, vindo de um projeto da instituição coordenado por Milton Barbosa.

- Recebo há cinco anos a ajuda do governo. Todo mês pego uma cesta básica e só preciso comprar carne e verdura para completar - explica Gislene.

Os dois filhos da desempregada, Jefferson e Jessica, aproveitam o benefício recebido pela mãe. Mas outro problema, a falta de escola, ainda permanece. Gislene tenta a mais de quatro anos incluir os meninos em creches e aguarda uma inscrição no telematrícula. Como não possui ninguém para cuidar dos filhos, ela não pode sair para procurar emprego.

- O governo não pode ser paternalista a ponto de dar tudo para o beneficiado. O governo ajuda quem está sem opção. Tentamos estimular as pessoas para viverem por si mesmas. É aquela máxima: ''Não basta dar o peixe, tem que ensinar a pescar'' - resume o secretário Milton Barbosa. Indagado sobre as ações sociais de outras secretarias e a integração entre elas, Milton se absteve de opinar.