O globo, n. 31960, 06/02/2021. País, p. 5

 

Demitido por usar avião da FAB retornará ao Platô

Jussara Soares

06/02/2021

 

 

Há um ano, Bolsonaro chamou de “inadmissível” o uso da aeronave por José Vicente Santini, que será o número 2 de Onyx na Secretaria-Geral da Presidência

Um ano depois de ser despedido por usar avião da Força Aérea Brasileira (FAB), o advogado José Vicente Santini deve voltar a ocupar cargo no Palácio do Planalto. Atualmente Assessor Especial do Ministério do Meio Ambiente, foi convidado para ser Secretário Executivo do Ministro Onyx Lorenzoni, que deixará a cidadania de pasta da para assumir a presidência da Secretaria-Geralda. A previsão é que a mudança ocorra após o carnaval. Em janeiro de 2020, santini era a casa civil número dois, então comandada por Onyx, que viajou em um jato da FAB para participar de uma reunião do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. Ele então seguiu na aeronave para a Índia para acompanhar uma viagem presidencial. Na ocasião, Onyx estava de férias, e Santini respondeu como ministro da pasta. A repercussão negativa do caso levou o presidente Jair Bolsonaro a determinar a renúncia do então Secretário Executivo da Casa Civil. O presidente alegou que os ministros Paulo Guedes, da Economia, e Tereza Cristina, da Agricultura, fizeram a viagem em vôo comercial e julgaram a atitude do secretário como "inaceitável". Após o caso, Bolsonaro revogou o decreto que permitia que substitutos de ministros utilizou aviões da FAB e criou regras mais duras para a solicitação da aeronave. Agora, Santini teve o aval do presidente para voltar ao Planalto junto com Onyx Lorenzoni, que vai substituir o subchefe de Assuntos Jurídicos (SAJ), Pedro César Nunes , atual interino da Secretaria-Geral da presidência. Em setembro, o Platô já havia autorizado Santini a se posicionar a convite do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, depois que os três processos aos quais o advogado respondeu foram encerrados por não apontarem irregularidade. Tribunal de Contas da União (TCU) e Comissão de Ética Pública (CEP) negou provimento ao caso. A 4ª Vara Cível da Seção Judiciária do Distrito Federal julgou improcedente o pedido de ação popular. Argumentamos no Planalto que o assessor foi punido socialmente, mas não cometeu ilegalidade. Ele também disse em seu favor o fato de ter permanecido em silêncio após sua renúncia há um ano. Perto de alguns governantes e dos filhos do presidente, Santini voltou ao Planalto como assessor de Salles e muitas vezes é elogiado pelo presidente por ter demonstrado "habilidade técnica".