Correio Braziliense, n. 21087, 17/02/2021. Cidades, p. 15

 

Fantasias e distanciamento

Cibele Moreira 

17/02/2021

 

 

Sem a folia dos blocos de rua, vedados este ano em razão das medidas de combate à proliferação do novo coronavírus, os brasilienses curtiram a terça-feira de carnaval em família. No Parque da Cidade, muitos casais aproveitaram a trégua da chuva para levar os filhos ao Ana Lídia. A movimentação durante a manhã era grande, mas não houve aglomeração nos brinquedos. Os cuidados preventivos, como o uso de máscara facial e a higienização das mãos com álcool em gel foram seguidos pela maioria dos frequentadores. Alguns até entraram no clima carnavalesco e se fantasiaram.

Para Edizelia Carvalho Rocha, 37 anos, passar o carnaval no Parque da Cidade é uma tradição familiar. "Desde os meus 4 anos de idade minha mãe já tinha o costume de me trazer no Baratinha, aqui no parque, e mantive esse costume. Neste ano, mesmo sem o bloquinho de carnaval, quis trazer meu filho e ainda fiz questão que ele escolhesse a fantasia para não deixar a data passar em branco", relata. Ela e o marido, Gelson Carvalho, 37, relataram que, apesar das privações que a covid-19 trouxe, a família ganhou qualidade de vida, com mais momentos juntos. Apenas o filho, Kayo Kauã Carvalho, 8, se vestiu a caráter para brincar e sair um pouco de casa.

Marli Alves dos Santos, 43, aproveitou a fantasia de três anos atrás e se vestiu como Capitã Marvel para curtir o primeiro carnaval com os dois filhos, um de 1 ano e outro de 10. "A fantasia estava guardada no guarda-roupa e resolvi vestir", afirma. A família mora em Valparaíso de Goiás e aproveitou a terça de carnaval com uma saída diferenciada.

Além do parque urbano no centro da capital, outros pontos de lazer receberam um grande volume de pessoas, como o Jardim Zoológico. Moradora do Paranoá, Raphaela Oliveira, 26 anos, organizou o passeio com os dois filhos, de 6 e 4 anos, e o marido para ir ao zoo ontem. No entanto, ao chegarem à entrada, a fila de carros estava quilométrica e o destino foi alterado para o Parque da Cidade. Apesar de não ser muito fã de carnaval, Raphaela escolheu uma blusa da mulher maravilha para usar, o marido também entrou na onda e vestiu uma camisa de personagem de filme para o passeio em família.

Para Daniel Dumaresq, 28, o dia foi uma oportunidade de ter um passeio em família sem aglomeração. Pedro, de 1 ano e meio, estava encantado com as bolhas de sabão que foram espalhadas na pista de caminhada próxima ao pedalinho. "A gente não costuma pular o carnaval, mas gostamos muito de viajar. Não fosse pela pandemia, iríamos passar em alguma cidade próxima aqui de Brasília, mas, com o vírus, resolvemos fazer um programa por aqui mesmo", contou Daniel, ao lado da mulher, Jeane, 29 anos.

Com cara de domingo
Além das famílias que optaram por uma programação mais leve, houve brasiliense que aproveitou o dia para se exercitar com partida de vôlei de praia, caminhada ou patins. O maior fluxo de pessoas ficou concentrado entre o parque Ana Lídia e o Lago dos Pedalinhos. A Polícia Militar reforçou o policiamento na região.

As amigas de infância Cátia Souza, 48 anos, Cátia Sousa, 44, e Cristiane Rodrigues, 49, fizeram um tour por Brasília à procura de espaços abertos e com espelhos d'água para aproveitar o dia. "Passamos pelo Pontão, e agora estamos aqui no Parque da Cidade. Sempre fugindo da chuva. Quando começou a pingar lá decidimos o nosso próximo destino", conta Cátia Souza. Para as três, a terça de carnaval foi bem tranquila. "O nosso carnaval está com cara de domingo", brincou a xará Cátia Sousa.