Correio Braziliense, n. 21092, 22/02/2021. Artigos, p. 13

 

Por que é importante acelerar a imunização?

Breno Adaid 

22/02/2021

 

 

Após um mês de campanha de vacinação contra a covid-19 no DF, algumas dúvidas começam a surgir sobre a velocidade do processo de imunização da população local.

Até sexta-feira — portanto, exatamente um mês depois do início da imunização — 116.267 pessoas haviam sido vacinadas no DF. Em uma proporção rápida, com essa mesma velocidade de imunização do primeiro mês, levaríamos 788 dias para vacinar todos os moradores do Distrito Federal. Isso corresponde a dois anos, quatro meses e 15 dias.

Por que é imprescindível que a velocidade da vacinação no DF seja acelerada? Alguns pontos precisam ser considerados. Primeiro, precisamos pensar que, se não tiver imunizante para os grupos prioritários — os idosos — é necessário reduzir o alcance e priorizar a faixa etária dos mais velhos, como vem sendo feito pela Secretaria de Saúde. Inclusive, se o Ministério da Saúde não enviar uma quantidade suficiente de doses, a intenção da secretaria é aumentar o grupo a ser vacinado para idosos acima de 78 anos. Atualmente, estão sendo imunizadas pessoas com mais de 79.

É claro que os óbitos acontecem em todas as idades, mas pessoas mais velhas são mais vulneráveis, e quanto mais imunes, menos mortes no futuro. A população precisa se conscientizar de que, mesmo tomando a primeira dose da CoronaVac, a imunização só atinge sua capacidade máxima após a segunda dose. Portanto, não é momento de deixar de lado os cuidados e as medidas de segurança nem ignorar que ainda estamos em situação de pandemia. Mesmo quem foi vacinado pode passar o vírus adiante para mais pessoas. Com a CoronaVac, a pessoa ainda pode se contaminar — a chance é menor mas ainda existe.

Precisamos considerar, também, as aglomerações causadas durante o carnaval. É muito provável que tenham influência no aumento da média móvel de casos, observado nos últimos dias, que estava em queda considerável há 13 dias.
Caso o governo federal não envie quantidade suficiente de vacinas e a campanha precise ser interrompida, as faixas etárias mais altas deixarão de receber o imunizante e continuarão na berlinda. E os óbitos dos mais velhos vão manter a quantidade de mortes em alta. A interrupção terá um possível impacto também na ocupação dos leitos de UTI destinados à covid-19, próximos à capacidade máxima de atendimento, uma vez que a vacina teve ótimo resultado na redução de casos graves.
Por fim, é preciso considerar também que a possibilidade de lockdown existe. Até ontem, a taxa de ocupação das UTIs disponíveis para a covid-19 era de 85%. Por mais esse motivo, temos de, por obrigação, manter a vacinação, o distanciamento social e as medidas de segurança. É uma responsabilidade. Se um lockdown vier, a obrigação não será pela saúde — nossa e dos outros. Será em forma de lei.

Após pouco mais de um mês do início da vacinação contra a covid-19 no Distrito Federal, restam algumas dúvidas sobre o processo de imunização. É importante que perguntas, como intervalo entre as doses, principais efeitos colaterais, necessidade de manutenção das medidas de proteção mesmo depois da vacinação e duração da proteção contra a doença, sejam sanadas, principalmente devido à alta circulação de informações falsas em redes sociais.

Além disso, foi descoberto nos últimos dias — conforme o Correio adiantou — que variantes do novo coronavírus estão em circulação no Distrito Federal desde o ano passado, sem contar que as aglomerações e festas durante o carnaval podem elevar novamente os números de casos e mortes pela doença no DF.