Título: Acordos bilaterais são saída para as exportações
Autor: Rosa, Leda
Fonte: Jornal do Brasil, 23/11/2008, Economia, p. E2

Na ausência de um acordo multilateral, os acordos bilaterais têm sido a solução adotada pelo comércio externo brasileiro. O ministro Celso Amorim, das Relações Exteriores, costuma se dividir entre os esforços para revitalizar a rodada Doha e a celebração destes acordos, também chamados preferenciais.

A estratégia é aprovada pelos representantes da indústria nacional.

¿ Temos que buscar acordos bilaterais de livre comércio com outros países e buscar sair desta crise através do crescimento das exportações ¿ diz Roberto Giannetti, diretor titular do Departamento de Comércio Exterior da Fiesp. ¿ Essa é a forma clássica da teoria Keynesiana de solução de crises econômicas recessivas. Temos de reagir, fazer um programa agressivo de exportação e buscar acordos bilaterais.

A manutenção das duas agendas é defendida pelo setor industrial.

¿ Nossa preferência era que tivesse Doha e os acordos bilaterais ¿ diz Marconini, da Fiesp. ¿ Em Doha dá para negociar na OMC temas que não são viáveis bilateralmente, como a questão do protecionismo, que sobretudo é americano, europeu e japonês. Nos bilaterais, tem-se poder de manobra para definir os mercados que interessam.

Mercados

Estudo recente da Fiesp mostra que México e América Latina são mercados prioritários nos planos de crescimento das exportações industriais.

Mas enquanto a opção pelos preferenciais parece consenso no setor produtivo, no meio acadêmico enfrenta críticas.

¿ A bilateralidade está em descenso. Foi uma tendência muito forte nos anos 90, mas a proliferação exagerada desta modalidade de entendimento acabou tornanda inócua ¿ diz a professora Maria Lucia Pádua Lima, da FGV-SP.

Especialista em comércio exterior, Maria Lucia avalia que o excesso de regras específicas de cada contrato contribui de modo decisivo para encerrar a fase desta opção.

¿ Vivemos um momento de retrocesso deste processo. A preservação do fluxo de comércio se dá na multilateralidade ¿ diz. ¿ A preferência pela multilateralidade seria também compartilhada pelo novo presidente eleito dos EUA. (L.R.)