Título: Diferenças travam acerto Brasil-Argentina
Autor: Rosa, Leda
Fonte: Jornal do Brasil, 23/11/2008, Economia, p. E2

As diferenças de abordagem do comércio externo entre o Brasil e a Argentina devem seguir em Doha. Mesmo como membros mais poderosos do Mercosul, ambos seguem com objetivos e políticas distintas, que mínguam as chances de desenvolvimento do comércio da região, que ainda inclui Paraguai e Uruguai.

Na mesa da Rodada Doha em julho, Brasil e Argentina deram mostras explícitas das assimetrias comerciais. De um lado, o Brasil abria mão de boa parte de suas propostas em prol de um acordo, mesmo que mediano. Já a Argentina manteve a postura protecionista em relação ao setor industrial.

Ao apostar na manutenção da postura argentina, Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos, defende que o Brasil adote uma atitude pragmática em relação ao Mercosul, cujo ambiente é dominado pelo discurso positivo mas que não se traduz no incremento do comércio.

Paralisia

¿ Na prática, o que está havendo é uma paralisia no âmbito do Mercosul. Nos últimos seis anos nenhum acordo comercial relevante foi assinado neste âmbito do Mercosul ¿ diz.

A falta de foco e de objetivos compartilhados estariam na raiz da questão, segundo Roberto Bouzas, professor da Universidade de San Andrés, em Buenos Aires e integrante da rede Mercosul.

¿ O primeiro passo é explorar se há algum espaço de interesse comum. A agenda surgirá desta definição ¿ ressalta.

Em Doha, Bouzas acredita que a crise trouxe novos cenários para a delegação argentina.

¿ Do ponto de vista dos interesses agrícolas, a Argentina acreditava na manutenção em alta dos preços e portanto não tinha muito interesse nas concessões que estava obtendo na área da agricultura. Isto ficou desatualizado desde setembro, diante dos subsídios que vêm sendo concedidos, especialmente na União Européia ¿ comenta. (L.R)