Correio Braziliense, n. 21097, 27/02/2021. Política, p. 2

 

Bolsonaro dispara contra lockdown

Ingrid Soares 

27/02/2021

 

 

O presidente Jair Bolsonaro reclamou, ontem, dos estados que aderiram a novo lockdown. Ele classificou de "politicalha" a medida, adotada por gestores diante dos recordes diários de mortes pela covid-19, que já provocou mais de 250 mil óbitos no país.

De acordo com Bolsonaro, o estado que aderir ao fechamento da economia, após a nova rodada de pagamento do auxílio emergencial, deverá "bancar" a ajuda. O chefe do Executivo voltou a dizer que o povo quer trabalhar e não aguenta mais ficar em casa. Vários estados, e o Distrito Federal, estão adotando o lockdown, devido ao aumento de casos de infecção e da lotação das unidades de terapia intensiva (UTIs).

"A pandemia nos atrapalhou bastante, mas nós venceremos esse mal. Pode ter certeza. Agora, o que o povo mais pede, e eu tenho visto, em especial, no Ceará, é trabalhar. Essa politicalha do 'fique em casa, a economia a gente vê depois', não deu certo e não vai dar certo", criticou, em visita às obras de duplicação da BR-222, em Caucaia (CE). "Não podemos dissociar a questão do vírus do desemprego. São dois problemas que devemos tratar de forma simultânea e com a mesma responsabilidade. E o povo assim o quer. O auxílio emergencial vem por mais alguns meses e, daqui para a frente, o governador que fechar seu estado, o governador que destrói emprego, ele é quem deve bancar o auxilio emergencial", emendou, sob aplausos de apoiadores.

Bolsonaro disse, ainda, que governadores "não podem continuar fazendo política e jogando no colo do presidente da República essas responsabilidades". Ele relatou a alegria de retornar ao estado, onde iniciou a corrida presidencial e bradou que "não se entregará aos inimigos". "É sempre uma satisfação voltar aqui para o nosso Ceará. A campanha de 18 de eleição começou aqui. Nós sabíamos que não seria fácil, mas os inimigos podem ter certeza de uma coisa: nós não nos entregaremos", enfatizou. "Estamos aqui, hoje (ontem), apresentando uma parte do serviço feito pelo ministro Tarcísio (de Freitas), da Infraestrutura. Como podem notar, um serviço de qualidade. Coisa que nunca teve aqui no Ceará."

Por fim, o presidente destacou que, em outras gestões, havia desvio de dinheiro público em obras, mas que em seu mandato isso "acabou". "Aqui, de governos anteriores, tínhamos, sim, desvio de dinheiro público e obras malfeitas. Essa época acabou. Agradeço a todos vocês pelo apoio, pela consideração e pela confiança que depositam em nós, acreditando que nós podemos mudar o destino do Brasil. Estamos certos disso", concluiu.