Título: Síria promete retirada em meses
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Fonte: Jornal do Brasil, 02/03/2005, Internacional, p. A8
Líbano forma governo sob protestos
BEIRUTE - O presidente sírio, Bachar al Assad, confirmou à revista Time que o Exército sírio sairá do Líbano em pouco tempo.
- Será rápido, talvez nos próximos meses. Não depois disso - garantiu Assad, acrescentando que o Exército precisa de prazo para se deslocar.
- Não me reuni com os militares. Podem dizer que levará seis meses. Você tem de se preparar quando traz o Exército de volta para seu país. Tem de saber para onde vai deslocar as tropas - explicou.
Cerca de 14 mil soldados sírios estão estacionados no Líbano. Nos últimos cinco anos, Damasco vinha reduzindo o contingente. Ainda de acordo com Assad, o governo vai discutir os detalhes com o enviado especial da ONU Terji Roed-Larsen, que deve chegar este mês à região. Roed-Larsen fiscaliza a aplicação da resolução 1559 da ONU, que pede a retirada.
Paris e Washington aumentaram a pressão sobre a Síria, ontem, unindo o apelo conjunto para a retirada com a realização de eleições ''livres e justas''. Nas ruas de Beirute, continuavam os protestos exigindo o fim da presença dos soldados de Damasco no país.
No front interno, porém, o presidente do Líbano, Emile Lahoud, ignorou os manifestantes e anunciou que começa amanhã consultas para a nomeação de um novo governo. O próximo gabinete (em substituição ao de Omar Karami, que renunciou) será interino até as eleições parlamentares, previstas para maio.
Segundo o acordo de Taif (1989), que pôs fim a 15 anos de guerra civil, o presidente deve realizar consultas para designar o primeiro-ministro, que será da comunidade sunita e terá que contar com o apoio da maioria. Diante da perspectiva, líderes da oposição se reuniram no palácio onde o líder druso Walid Jumblatt está confinado, por temor de sofrer um atentado como o que matou o ex-primeiro-ministro Rafik Hariri, atribuído a Karami e à Síria.
- O importante é que seja um governo mais ou menos neutro. Não é o presidente que deve pedir a saída dos sírios, mas o gabinete. Lahoud não tem prerrogativas para isso - explicou um porta voz.
Para a oposição, a chamada a consultas ''não é honesta''.
- Agora há diálogo, foi dado um grande passo, mas o problema não terminou - afirmou o deputado da oposição Butros Harb. - O novo governo terá que satisfazer nossas reivindicações - destacou.