Título: Petrobras sacrifica projetos
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Fonte: Jornal do Brasil, 19/11/2008, Tema do Dia, p. A2

A crise financeira mundial e a queda do preço do barril de petróleo no mercado internacional forçaram a Petrobras a adiar alguns projetos da carteira exploratória. O gerente geral de Exploração e Produção da estatal, José Jorge de Moraes Junior, confirmou ontem que, dos cortes programados pela companhia, foram preservados apenas os empreendimentos capazes de ampliar a produção de óleo leve da empresa, aí incluídos os da camada pré-sal da Bacia de Santos.

O executivo assegurou também que o adiamento não vai comprometer a curva de produção da companhia no curto prazo. Moraes Júnior justificou que os projetos de óleo leve, de maior valor no mercado, ganham mais espaço e prioridade no portfólio da petroleira estatal.

¿ Quando o petróleo cai de US$ 140 para US$ 60, você tem impacto na geração de caixa da empresa, que é responsável pela manutenção de projetos de curto prazo. São nesses projetos que temos que fazer ajustes ¿ disse o executivo, ao participar do 8º Congresso Brasileiro de Energia, no Rio. ¿ São projetos que não terão impacto na curva de produção em 2009 e 2010, mas podem impactar não significativamente a partir de 2012 ou 2013. Projetos de antecipação de produção ou de aumento da produção de óleo pesado podem ficar para depois.

O gerente da Petrobras evitou dizer, no entanto, quais projetos serão adiados e quais os volumes envolvidos.

Os detalhes sobre o adiamento serão revelados pela Petrobras no novo plano de negócios da companhia, previsto para ser divulgado em dezembro. O detalhamento do plano foi adiado pela empresa devido ao agravamento da crise financeira, em setembro.

Com relação à Tupi, a grande descoberta da empresa dos últimos anos, Moraes Junior informou que o campo, localizado na Bacia de Santos, deverá ser delimitado em 2009. Ao mesmo tempo, a empresa pretende trabalhar nos campos de Iara, Júpiter e Ogum, também no pré-sal, para obter mais informações.

Até o momento, apenas Tupi e Iara tem estimativas de reservas. O primeiro apresenta capacidade de 5 a 8 bilhões de barris de óleo equivalente, enquanto o segundo, de 3 a 4 bilhões.

Além do teste piloto de Tupi, que vai produzir 100 mil barris diários a partir de 2012, a empresa pretende fazer mais dois testes com o mesmo volume, em campos ainda não definidos.

Rodada da ANP

O gerente da Petrobras confirmou, ainda, que a Petrobras vai participar da 10ª rodada de licitação de áreas de exploração, que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) vai promover em dezembro. Embora também tenha evitado dar maiores detalhes sobre a participação, o executivo informou que os blocos maduros e os localizados em nova fronteira interessam à companhia.

¿ As áreas maduras estão nas Bacias Potiguar, Sergipe-Alagoas e Recôncavo ¿ revelou. ¿ Nesssa áreas já temos produção instalada, dutos e estações. O custo para nós é menor do que qualquer outra companhia. São áreas importantes que merecem carinho. Vamos participar, sim, mas não sabemos se vamos participar de 130 blocos ou de um só. Acho que vamos entrar nos dois (maduro e nova fronteira).

De acordo com dados da ANP, até agora, apenas oito empresas se qualificaram para a 10ª Rodada, ante uma média superior a 30 empresas das outras rodadas, que incluíram áreas no mar. O prazo final de habilitação da Rodada é na próxima sexta-feira.