Título: Bancos e montadoras ditam baixa da Bovespa
Autor: Aliski, Ayr
Fonte: Jornal do Brasil, 19/11/2008, Tema do Dia, p. A4

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou ontem bem perto dos piores níveis do ano. Os negócios foram influenciados pelos temores de que a crise global vá produzir novas baixas em grandes corporações globais, que produziram uma onda de vendas nos mercados acionários do mundo. Com uma derrocada de 4,54%, o Ibovespa fechou o dia em 34.094 pontos, a menor pontuação em três semanas. O giro financeiro do pregão foi novamente estreito, de apenas R$ 3,2 bilhões.

O setor financeiro, mais uma vez, avivou o pessimismo dos investidores. Primeiro, foram as mudanças nos planos do banco britânico Barclays de levantar capital, que provocaram repúdio de seus acionistas.

Não por acaso, as ações de bancos foram algumas que mais sofreram também por aqui. Itaú caiu 7,6%, a R$ 23,80. Unibanco, seu parceiro na fusão anunciada no início do mês, tombou 7,7%, avaliado em R$ 13,15.

Simultaneamente, as primeiras análises sobre o plano do Citigroup, de cortar 15% da força de trabalho, dentro de um plano agressivo de redução de custos, eram céticas quanto aos efeitos desejados pela companhia. O setor financeiro teve outro dia de perdas pesadas.

Não bastasse o setor financeiro, o automobilístico acrescentou pressão adicional, à medida que cresciam os temores de que o governo dos Estados Unidos pode recusar-se a socorrer grandes montadoras, como General Motors, Ford e Chrysler, o que fatalmente as levaria à bancarrota.

¿ Isso geraria uma nova onda na crise ¿ observou Vladimir Caramaschi, estrategista-chefe do banco Credit Agricole.

Papéis de outras grandes empresas ligadas a commodities também não resistiram ao mau desempenho global das matérias-primas. Companhia Siderúrgica Nacional desabou 6,8%, para R$ 21,99. Petrobras perdeu 5,87%, cotada a R$ 19,25. Vale encolheu 4,77%, com negócios a R$ 23,14.

Ao fechar uma hora antes de Wall Street, a praça paulista não refletiu uma das muitas reviravoltas do dia dos principais índices das bolsas de Nova York. O Dow Jones fechou em alta de 1,8%, depois de ter chegado a cair quase 2%.