Título: Sarney diz a Tarso que PMDB não quer pasta
Autor: Quadros, Vasconcelo
Fonte: Jornal do Brasil, 19/11/2008, País, p. A11

Senador e ministro desfazem intriga. Tarso diz que fica.

BRASÍLIA

O ministro da Justiça, Tarso Genro, decidiu dar um basta ontem às especulações que colocam seu cargo como moeda de troca numa suposta reforma ministerial para ampliar o espaço do PMDB no governo Lula. Genro revelou o conteúdo de uma conversa telefônica entre ele e o senador José Sarney (PMDB-AP) e garantiu que não têm sentido os rumores sobre a entrega do Ministério da Justiça ao PMDB, para que o partido controle o inquérito em que a Polícia Federal, no Maranhão, investiga o filho do senador, o empresário Fernando Sarney.

¿ Recebi um telefonema ontem (segunda-feira) do senador José Sarney. Ele me disse que há jornalistas fazendo intriga que não existe entre nós ¿ relatou o ministro.

As especulações sobre a substituição de Genro começaram logo depois das eleições e tinham duas justificativas: o governo pretenderia dar mais espaço ao PMDB e, ao mesmo tempo, encontraria a alternativa política para resolver a crise entre Polícia Federal e Agência Brasileira de Inteligência (Abin) por conta da Operação Satiagraha.

Surpreendido pelo noticiário que o colocava com um pé fora do governo, o próprio ministro, há duas semanas, teria consultado o presidente Lula sobre o fundamento dos boatos de que estaria sendo fritado. Segundo fonte próxima a Tarso Genro, Lula teria afastado completamente a hipótese e, nos últimos dias, também deu declarações afirmando que não haverá reforma ministerial. Embora exerça o controle administrativo sobre a Polícia Federal, o Ministério da Justiça não desperta o interesse do PMDB porque movimenta poucos recursos. A hipótese de que o ministério poderia ser usado numa operação-abafa encontraria uma forte resistência dentro da Polícia Federal. Os delegados só se sujeitam ao controle do Ministério Público Federal.

As especulações sobre a reforma ministerial surgiram depois dos desdobramentos da Operação Satiagraha, mostrando que dois órgãos governamentais responsáveis pela segurança e inteligência estavam em conflito. Assessores do presidente temiam que a crise invadisse o Palácio do Planalto e passaram a disseminar boatos sobre a exoneração definitiva do delegado Paulo Lacerda, diretor afastado da Abin, e a saída do delegado Luiz Fernando Corrêa do comando da Polícia Federal.

Até agora o presidente Lula não deu nenhum sinal concreto de que pretenda mexer nos dois cargos. Corrêa tem o aval do Planalto e do ministro da Justiça, enquanto Lacerda ¿ afastado temporariamente ¿ aguarda a conclusão do inquérito que investiga origem e autoria do grampo no telefone do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, para decidir seu destino. O delegado tem o apoio do ministro Jorge Félix, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e de um dos ex-assessores com ma