Título: A maior expansão desde o Real
Autor: Sabrina Lorenzi
Fonte: Jornal do Brasil, 02/03/2005, Economia & Negócios, p. A17

Economia cresce 5,2% em 2004, puxada pelo consumo das famílias e investimentos. Indústria avança mais do que bancos

O Produto Interno Bruto (PIB), soma de todas as riquezas produzidas pelo país no período de um ano, cresceu 5,2% em 2004, a maior taxa dos últimos dez anos de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado superou por pouco as expectativas do mercado, que aguardava uma expansão de 5% na economia. Para este ano, o esperado é um crescimento de 3,5% do PIB. No último trimestre do ano, houve crescimento de 4,9% em relação a igual período de 2003, uma ligeira desaceleração em comparação com a taxa do trimestre anterior - alta de 6,1%.

Depois de três anos debruçada sobre o setor externo, a economia voltou a ser embalada pelos próprios brasileiros. Esta foi a grande mudança na estrutura do PIB, de acordo com a coordenadora de contas trimestrais do IBGE, Rebeca Palis.

- A demanda interna voltou a determinar o desempenho econômico, que dependeu menos do setor externo - afirmou a economista.

A indústria brasileira cresceu mais que os bancos no ano passado, pela primeira vez em quatro anos. Carro-chefe do resultado do PIB, a atividade expandiu-se 6,2%, enquanto o setor financeiro apresentou taxa de 4,3%, mesmo com a alta dos juros nos últimos meses. O resultado da indústria só não foi melhor por causa da queda da produção de petróleo e gás, de 0,7%. Já os segmentos de transformação cresceram em média 7,7%.

A agropecuária, com representação de 10% no PIB, cresceu 5,3% em 2004. Os serviços, equivalentes a 60%, cresceram 3,7%, com destaque para comércio e transportes, ambos com 7,9%.

Do crescimento de 5,2% do PIB, 4,1 pontos percentuais vieram do consumo das famílias, dos investimentos do setor produtivo e dos gastos do governo, enquanto apenas 1,1 ponto percentual resultou de exportações líquidas (exportações menos importações).

Em 2003, quando o motor do PIB ainda eram os mercados internacionais, o consumo doméstico encolheu 1,5% e o setor externo respondeu por 1,6 ponto percentual no avanço de 0,5% do PIB.

O consumo das famílias teve o melhor desempenho desde 1995. ''Um dos fatores que contribuíram para isso foi a elevação de 6% da massa salarial dos trabalhadores no trimestre'', observa o IBGE na pesquisa de Contas Nacionais.

O consumo do governo teve resultado mais modesto: cresceu 0,7%. As exportações de bens e serviços elevaram-se em 17,9% em 2004, enquanto as importações avançaram 14,3%.

Os investimentos no país exibiram o maior crescimento dos últimos sete anos. A injeção de recursos avançou 10,9%, taxa superada no terceiro trimestre de 1997. O salto partiu de máquinas e equipamentos, cujas encomendas cresceram 19,3%. Também componente dos investimentos, a construção civil expandiu-se 5,9% e a de máquinas e equipamentos, 19,3%.