Título: Mantega admite reduzir impostos devido à crise
Autor: Totinick, Ludmilla
Fonte: Jornal do Brasil, 25/11/2008, Tema do Dia, p. A2

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, avaliou ontem que a crise financeira mundial já começa afetar a economia real de todos os países e reconhece que 2009 será um ano de recessão ou de crescimento menor para todos. E voltou a afirmar que, no Brasil, haverá apenas uma desaceleração, porque a economia brasileira continua sólida e está "sob controle".

Para garantir um crescimento econômico de 4% em 2009, Mantega reconhece a necessidade de se adotar medidas anticíclicas. Como redução de impostos, novas desonerações de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e diminuição do custo financeiro para empresas e o consumidor; além da manutenção dos investimentos do Programa de Aceleração Econômica (PAC) e os recursos dos programas sociais.

¿ Observamos que a crise mundial financeira está se transformando numa crise da economia como um todo ¿ disse o ministro demonstrando um tom mais realista em relação à turbulência mundial. Esse foi um dos principais assuntos discutidos na reunião ministerial na Granja do Torto, entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus ministros.

Perguntado sobre a adoção de pacotes na economia para amortecer o impacto da crise no Brasil, Mantega retrucou que o governo procura não fazer nenhum pacote, pois eles têm uma marca negativa do passado.

¿ O que temos feitos é responder as questões na medida que elas se colocam ¿ comentou.

Essa foi a primeira reunião do presidente Lula como todos os ministros após o agravamento da crise financeira (faltou apenas Miguel Jorge do Desenvolvimento e Comércio Exterior). Mantega disse que foi feito um balanço de todas as medidas já adotadas pelo governo até agora, após o agravamento da crise, nas áreas de crédito e tributos principalmente para agricultura, construção civil e indústria automobilística.

Todos os ministros fizeram um relato sobre seus projetos para o enfrentamento da crise. Mantega mostrou que as contas fiscais públicas estão saudáveis, embora o governo já tenha adotado algumas medidas de desoneração de tributos, como a extensão do prazo dos tributos. Tais como PIS/Confins, IPI e contribuições previdenciárias; e redução do IOF para o setor de motos.

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, mostrou a importância da liberação de compulsórios no sistema financeiro para a compra de carteiras de bancos e para irrigar à agricultura. Além de leilões de moeda norte-americana para garantir as operações de Adiantamentos sobre Contratos de Câmbio (ACC) para o setor exportador.

Dilma Roussef (Casa Civil) falou sobre as obras do PAC, enquanto que o ministro da Saúde, José Gomes Temporão discorreu sobre as medidas para o combate à dengue que este ano consumirão investimentos de R$ 1 bilhão.

Sobre a crise mundial, Mantega disse que as medidas adotadas principalmente pelos EUA e Europa para controlar o temor financeiro não conseguiram o resultado desejado, como os problemas de liquidez de crédito e inibir a alta do custo financeiro.