Correio Braziliense, n. 21104, 06/03/2021. Brasil, p. 5

 

Saúde tenta fechar com a Moderna

06/03/2021

 

 

Após ser cobrado por gestores municipais e estaduais por mais vacinas contra a covid-19, o Ministério da Saúde fechou a semana com a possibilidade de compra de mais 13 milhões de doses do laboratório Moderna. Ontem, representantes da empresa norte-americana confirmaram ao secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, que poderão entregar ainda em 2021 essa quantidade a partir de julho. A negociação ocorre depois de a pasta indicar que quer comprar 138 milhões de doses da Pfizer e da Janssen.

"A confirmação dessas informações, agora, entre outros dados, nos ajudam a ter segurança para acelerarmos a assinatura do contrato que queremos para agilizar e fortalecer a ação de imunização de todos os brasileiros contra a covid-19", disse Franco. A reunião acertou que o Brasil receberia, até o final de julho, um milhão de doses do imunizante da Moderna, e duas outras rodadas com a mesma quantidade chegariam até 31 de agosto e até 30 de setembro. Entre outubro e dezembro, seriam enviadas 10 milhões de doses da vacina em diferentes cargas.

Com o avanço na negociação, o secretário-executivo da pasta explicou que, agora, prepara a minuta de contrato e outros detalhes administrativos para finalizar a compra. "De nossa parte, vamos ser, como sempre, rápidos, porque nossa meta é salvar vidas", disse Franco. Apesar de garantir rapidez, os gestores municipais reclamam da lentidão do governo federal na compra de imunizantes e formam um consórcio para aquisição de vacinas contra a covid-19.

Soro anticovid

Enquanto as vacinas da Moderna não se materializam, novamente o Instituto Butantan avança na luta contra a covid-19. O diretor da instituição, Dimas Covas, anunciou ontem ter solicitado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorização para o início de estudos clínicos em pessoas de um soro de tratamento para a covid-19. Ele disse que um dossiê com os resultados foi enviado na última terça-feira.

Assim como em uma iniciativa no Rio e pesquisas em outros países, como a Argentina, o soro é desenvolvido a partir do plasma de cavalos. Segundo Covas, o estudo se mostrou seguro e efetivo nos testes pré-clínicos, feitos em camundongos e coelhos. "Está mostrando resultados extremamente promissores. Esperamos que a mesma efetividade seja mostrada nesses estudos clínicos".

Ao todo, três mil frascos estão prontos para iniciar o estudo clínico, que será realizado em pacientes transplantados do Hospital do Rim e com comorbidades do Hospital de Clínicas, ambos da capital paulista, nos quais serão conduzidos, respectivamente, pelos médicos José Medina e Esper Kallas.

"Esse material foi todo desenvolvido no Butantan. O vírus foi isolado de um paciente brasileiro. Foi, na sequência, cultivado, inativo, submetido a vários testes em camundongos e, finalmente, levado a imunizar os animais", explicou.

Ao longo do estudo, foi constatada a diminuição da inflamação dos pulmões de hamsters após um dia de tratamento, o que pode contribuir na redução da letalidade da covid-19. "Esperamos que a mesma efetividade seja demonstrada agora nesses estudos clínicos, que poderão ser autorizados na próxima semana para ter o seu início", destacou.