Título: Aposta na expansão do sistema bancário
Autor: Matos, Sérgio Aguiar; Pereira, Thiago
Fonte: Jornal do Brasil, 25/11/2008, Economia, p. A18

O Banco Santander mantém uma carteira diversificada em todo o mundo e mantém 30% de sua capacidade de distribuição concentrada no mercado brasileiro. Segundo o vice-presidente da instituição, Alfredo Sáenz, a aposta no Brasil está apoiada no potencial de desenvolvimento do país e nas perspectivas de expansão de seu sistema bancário.

Durante a Conferência Espanha-Brasil Parcerias, Negócios e Investimentos, o vice-presidente do Santander e o presidente do grupo Brasilinvest, Mário Garnero, analisaram as perspectivas da economia brasileira no cenário de crise internacional.

Para Sáenz, os emergentes, por definição, apresentam possibilidades expressivas de crescimento e baixo índice de bancarização. No momento em que os mercados desenvolvidos dão sinais de esgotamento, os países em desenvolvimento constituem um ingrediente imprescindível em uma carteira de negócios.

O Santander reforçou sua posição no mercado brasileiro com a compra do Banco Real, como parte da aquisição do ABN-Amro. A aquisição se encaixa na estratégia de negócios da instituição financeira espanhola pelo seu bom relacionamento com clientes e capacidade de estabelecer sinergia com os modelos de negócios do banco.

¿ O Brasil tem uma posição financeira sólida ¿ afirma Sáenz. ¿ Apesar do impacto da crise internacional e da desaceleração econômica, é muito importante que não passemos da euforia para o pânico.

Estabilidade

Na avaliação do executivo, o país está bem preparado, estável, com baixa dependência de poupança externa, e uma classe média em expansão. Estes elementos, somados a redução gradual das desigualdades sociais e abertura de novos empregos, conferem as condições necessárias para atravessar o período de turbulência mundial.

O presidente do Grupo Brasilinvest, Mário Garnero, concordou com a análise de Sáenz. Garnero acrescentou que cerca de US$ 4 bilhões que aparentemente sumiram da economia americana foram apenas deslocados para o Tesouro dos Estados Unidos.

Na avaliação de Garnero, os países europeus devem levar cerca de três anos para se recuperar da crise. Os Estados Unidos, por sua capacidade de assumir riscos, pode deixar a zona de turbulência em um período mais curto, de dois a dois anos e meio. O prazo permitirá que a confiança retorne aos mercados e os recursos que estão no Tesouro poderão volta a circular.

¿ Para que isto ocorra, não pode haver risco como o do Citibank e do Lehman Brothers ¿ afirma Garnero. ¿ No momento em que esta situação se normalizar, o dinheiro que mudou de mãos criará riqueza como ocorria antes da crise.

Na avaliação do presidente do Brasilinvest, o Brasil é chave para a integração no continente. Segundo Garneiro, poucos sistemas de controle financeiro estão tão preparados como os de Espanha e Brasil.

¿ Os bancos brasileiros não sentiram está tentação pelos subprimes ¿ ressaltou, ao acrescentar que o acompanhamento eficiente do Banco Central (BC) fez com que os bancos do país se submetessem a uma disciplina rigorosa.

Na avaliação de Luiz Cezar Fernandes, presidente do Grupo Marambaia, a recessão nos EUA e países da Europa e Japão vai durar mais tempo que o previsto e deve se manter além de 2010. Para Fernandes, o governo americano cometeu um erro de avaliação ao deixar de socorrer o Bearn Sterns em dificuldade. (S.A.M. e T.P.)