Título: Regras flexíveis para o exportador
Autor: Luciana Otoni
Fonte: Jornal do Brasil, 02/03/2005, Economia & Negócios, p. A20
O governo deverá anunciar até o fim deste mês mudanças na legislação cambial. A flexibilização das regras visa aperfeiçoar as condições de operação das empresas exportadoras e compensar parte da perda da rentabilidade decorrente da desvalorização do dólar. Entre as medidas em análise na área econômica estão a ampliação do prazo para a internalização das receitas cambiais e a autorização para que as empresas exportadoras possam fazer compensações entre recebimentos e pagamentos em moeda estrangeira.
As medidas foram citadas pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, após reunião mantida ontem com representantes das 11 maiores empresas exportadoras do Brasil. Durante o encontro, os exportadores manifestaram disposição em manter o avanço dos negócios no comércio internacional. Alguns setores, porém, reclamaram duplamente da desvalorização do dólar e do encarecimento dos custos de produção no mercado interno.
- Contamos com um prazo de 30 dias para definir as medidas de flexibilização do câmbio, que são uma necessidade do setor exportador e não apresentam nenhum dano ou prejuízo ao governo. Ao contrário, dão o reconhecimento de que a dinâmica do comércio exterior hoje é diferente do que era 40 anos atrás - afirmou Furlan.
A Companhia Vale do Rio Doce, que exportou US$ 4 bilhões em 2004, é uma das empresas que negociam a flexibilização cambial. A proposta é ampliar o prazo de internalização das divisas cambiais para acima de 12 meses. O diretor da Vale, Fábio Barbosa, explicou que diante do atual prazo máximo de 180 dias para internalizar as divisas, as empresas exportadoras, principalmente as que possuem dívidas no exterior, têm que efetuar a entrada quase que imediata dos recursos.
- Se as medidas ocorrerem como o ministro está sinalizando, as empresas terão prazo maior, mais dilatado, para internalizar recursos. Isso reduzirá a pressão sobre a taxa de câmbio de curto prazo e haverá maior liberdade para administrar a dívida no exterior, reduzindo custos de captação.