Título: Promotor quer intimar funcionários da Saúde
Autor: Lorenna Rodrigues
Fonte: Jornal do Brasil, 02/03/2005, Brasília, p. D4

Acusados de falha ao distribuir medicamentos não depõem

O Ministério Público do Distrito Federal vai intimar o subsecretário de Saúde, Mário Orta e a diretora da Farmácia de Alto Custo, Eva Fontes . Os dois são acusados de obstruir a investigação do MP sobre falhas na distribuição de remédios. Segundo o promotor de Defesa da Saúde, Jairo Bisol, a diretora se negou a dar informações para o inquérito sobre a distribuição de remédios da Farmácia de Alto Custo por ordem do subsecretário. - Há mais de vinte dias eu pedi a lista de medicamentos existentes na farmácia e até hoje ela não foi enviada ao MP. Além disso, a diretora se negou a me receber e os funcionários da Secretaria e da Farmácia estão criando empecilhos à investigação - acusa o promotor.

Na última sexta-feira, o oficial de Justiça que tentava entregar a intimação ao subsecretário foi acusado de invadir o gabinete dele e a Polícia Militar foi chamada ao local.

- O oficial não invadiu gabinete nenhum. O que os funcionários da Secretaria queriam era impedir o andamento da investigação, noticiando falsamente um crime. De um jeito ou de outro a intimação será entregue e o subsecretário terá de dar explicações - alega o promotor.

A Secretaria de Saúde informou, porém, que a pessoa que tentou entregar a intimação não era um oficial de Justiça, mas sim um funcionário do gabinete do promotor Bisol.

A investigação na Farmácia de Alto Custo começou depois de, durante fiscalização, o MP descobrir que remédios existentes nas prateleiras não estavam sendo distribuídos.

- Nós descobrimos que 15 medicamentos requisitados pela população estavam disponíveis dentro da farmácia mas não estavam sendo entregues para as pessoas do lado de fora - acusa Bisol.

Segundo o secretário de Saúde, Arnaldo Bernardino, o problema na distribuição dos remédios está sendo resolvido com a informatização da farmácia.

-Nós passamos o final de semana trabalhando na implementação do novo sistema de informática que irá não só reduzir o tempo de espera como controlar o estoque em tempo real. O sistema começou a funcionar ontem ( segunda-feira). É preciso um pouco de paciência da população nessa fase de ajustes - explicou.

Quanto às reclamações de falta de medicamentos, o secretário disse estar fazendo novas compras e ameaçou priorizar o atendimento dos moradores do Distrito Federal no recebimento dos remédios.

- A população do DF está sendo punida em detrimento de outras regiões. Se, com todas as medidas que estamos tomando, ainda não dermos conta da demanda, vou passar a atender primeiro os moradores do DF e, depois, se sobrar remédio e tempo, os dos estados - ameaçou.

O Ministério da Saúde informou que a priorização de pacientes é ilegal, uma vez que o Sistema Único de Saúde é universal e não pode se negar a atender ou fornecer remédios a nenhum paciente.

Procurados pelo JB, o subsecretário Mário Orta e a diretora Eva Fontes não quiseram dar entrevista.