Valor econômico, v. 21, n. 5195, 25/02/2021. Brasil, p. A6

 

Grupo Governadores pelo Clima aposta em energia eólica e solar

Daniela Chiaretti

25/02/2021

 

 

Estados do semiárido podem se beneficiar de políticas integradas de energia, água e redução da pobreza investindo em fontes renováveis de energia

As energias renováveis têm papel fundamental na descarbonização e podem contribuir na solução das dificuldades socioeconômicas e ambientais do semiárido. Mais investimentos em energia eólica e solar irão tornar a região atraente para investimentos na produção de hidrogênio verde, uma das apostas mais fortes dos planos de retomada da zona do euro. Além disso, podem ajudar na regeneração do rio São Francisco e na redução da pobreza da região.

Esta abordagem integrada será a tônica do evento “Governadores pelo Clima - Construindo soluções interconectadas para o semiárido”, do Centro Brasil no Clima (CBC), que acontece hoje. O grupo reune 21 Estados brasileiros.

Sérgio Xavier, articulador político do CBC, explica que as energias renováveis podem ter efeito transformador no Nordeste se as políticas de energia, abastecimento de água e geração de renda forem integradas. Os reservatórios do São Francisco, rio que vive situação crítica de redução na vazão, poderiam funcionar para estocar água se outras fontes renováveis fornecessem a energia necessária aos 520 municípios da bacia.

“Não lembro de ter visto uma iniciativa tão forte neste sentido”, diz Annette Windmeisser, chefe da cooperação para o desenvolvimento sustentável da embaixada da Alemanha. Ela se refere aos pacotes de recuperação verde anunciados pela Alemanha, de €130 bilhões, e pela Comissão Europeia, de € 750 bilhões.

A Alemanha aposta no hidrogênio verde para descarbonizar a indústria química, de cimento e siderúrgica. Para produzir hidrogênio verde é preciso muita energia, e não pode ser fóssil. O país, que quer se tornar fornecedor mundial de tecnologias verdes a hidrogênio, terá que importar o combustível de outros países, que produzam com base renovável. Isso pode acontecer no Marrocos, no Chile e no Nordeste brasileiro.

A estimativa é que a Alemanha consiga atender apenas 11% da demanda interna de hidrogênio verde e terá que comprar o restante, diz Annette. O país investirá € 9 bilhões na estratégia alemã do hidrogênio verde, sendo que € 2 bilhões serão investidos em parcerias com outros países.

É aqui que está o potencial de Estados do Nordeste. Bahia e Pernambuco estudam projetos. O Ceará tomou a dianteira e já apresentou o projeto de uma usina com investimentos australianos.