Valor econômico, v. 21, n. 5193, 23/02/2021. Brasil, p. A4

 

PRDF quer investigar ministro por improbidade

Isadora Peron

23/02/2021

 

 

Pedido de inquérito questiona compra de medicamentos sem eficácia comprovada para combate à covid-19

A Procuradoria da República no Distrito Federal pediu a abertura de um inquérito civil para apurar supostos atos de improbidade administrativa cometidos pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, no combate à pandemia de covid-19.

Um dos pontos questionados é o uso de recursos públicos para compra de medicamentos como a cloroquina e a ivermectina. Não há comprovação científica de que ambos os medicamentos sejam eficazes no tratamento da doença. Mesmo assim, o governo defende o emprego dos remédios no chamado “tratamento precoce” da covid-19.

Além disso, o inquérito também vai investigar se houve omissão do órgão na aquisição de vacinas, a baixa execução orçamentária da pasta e a falta de destinação de equipamentos e insumos ao Sistema Único de Saúde (SUS).

Entre os pedidos apresentados pelo Ministério Público Federal (MPF) está para que o comandos do Exército e Aeronáutica informem quais órgãos foram mobilizados e qual o total gasto com a “produção, aquisição, distribuição de cloroquina” do ano de 2020 até agora.

O Ministério Público também solicitou que o Conselho Federal de Medicina se manifeste, no prazo de dez dias, em relação ao emprego do aplicativo TrateCov. O app foi lançado no ano passado pelo Ministério da Saúde e é uma das formas usadas pelo governo para recomendar o chamado “tratamento precoce” com o uso dos medicamentos questionados a pessoas com supostos sintomas de covid-19.

O Ministério Público, por sua vez cobrou explicações sobre por que a pasta decidiu retirar do ar o aplicativo

Além disso, a Procuradoria quer que a empresa Pfizer relate como foram as negociações com o governo para a compra de vacinas. Quer também que o laboratório Merck, fabricante da ivermectina, esclareça se é a posição oficial da empresa o comunicado que alertava para a ausência de base científica e evidências significativas de que o medicamento teria eficácia para pacientes com covid-19.

Sobre as vacinas, o Ministério Público Federal também pediu informações ao Instituto Butantan e à Fiocruz. Também foram solicitadas à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informações sobre a aprovação dos imunizantes.