Título: A opressão do Estado
Autor: Antonio Sepulveda
Fonte: Jornal do Brasil, 02/03/2005, Outras Opiniões, p. A11

Este governo é um insulto; e este parlamento, uma piada de mau gosto

Mesmo diante do monturo empilhado por este governo, reconhecemos que ainda é significativa a probabilidade de o PT ganhar as próximas eleições presidenciais com toda a sua nomenclatura de Dirceus sinistros e Olívios sectários. Sabemos também que a atual legislatura, apesar da escandalosa mendacidade que os congressistas esbanjam com admirável impudência, é perfeitamente capaz de se reeleger com as suas trupes grotescas de Severinos e Greenhalds vocacionais.

Não se deve discutir a decisão das urnas. É abaixar a cabeça e aceitá-la com a humildade de quem enxerga o processo democrático como o único caminho tolerável. Esta é a nossa grande esperança de que, quem sabe, num futuro remoto, o povo brasileiro compreenda que está sendo iludido por políticos de má índole e aprenda a punir impiedosamente aqueles que mal o representam, negando-lhes o voto para sempre. Por mais ingenuidade que pareça, acreditamos na ocorrência de um longínquo cenário prospectivo onde o Brasil terá estadistas que lhe correspondam à grandeza e retratem a envergadura política dos eleitores patrícios de então.

Por enquanto, basta olhar em volta para percebermos que esta geração está perdida; provavelmente, pelo andar da carruagem macabra, a próxima também não tenha mais salvação. O Brasil pôs o pescoço no garrote ao apostar nas promessas vazias dos nefastos politicalhos da esquerda que se mostraram ainda mais patifes que os infames politiqueiros da direita.

Este governo é um insulto; e este parlamento, uma piada de mau gosto. A tal Marca Brasil, lançada com a costumeira fanfarra do populismo, manchou as cores da nossa bandeira com o vermelho espúrio de um partido político que se julga dono do Estado e da nação. É o retrato da tragédia de um povo que caiu nas garras de uma ideologia conscientemente escorraçada pelo mundo livre para, inexplicavelmente, encontrar guarida entre nós, que andamos sempre atrasados a perseguir o bonde da História.

Perdemos a noção de liberdade de iniciativa. A mentalidade estatizante nos transforma em segmentos, nos quais só existe legitimidade na entidade coletiva. O Estado decide quem é ganhador e perdedor na sociedade; quanto maior a proximidade do poder político, maiores são as regalias. O sistema educacional está em via de ser estuprado pelos ideólogos petistas que se sustentam na falácia estúpida de que o Estado é soberano, tragicamente dono de nossas escolhas e senhor de nossas vidas. O Estado não vê o império da lei como um preceito acima do próprio Estado. Não. A mente deformada dos socialistas tupiniquins pretende que as leis emanem do Estado. E não nos iludamos: é o Estado, somente o Estado, centralizador e usurpador de um poder que não lhe pertence, que gera, das entranhas de suas hediondas distorções, as desigualdades sociais, a miséria e a fome. A legislação imoderada, malévola e obtusa massacra a população, transformando a democracia brasileira numa grande farsa dirigida por farsantes. A sociedade cria suas riquezas apenas para beneficiar, com uma ignominiosa carga tributária, um sem-número de comissários encarapitados nas sinecuras dos diversos escalões de uma geringonça estatal tão inoperante quanto sedenta; estes, sim, formam a chamada ''elite'', na acepção deturpada que o verborrágico presidente Lula da Silva tem do termo.

Enquanto isso, os Severinos do Congresso mostram que o Brasil tem os piores políticos que o dinheiro pode comprar. Se o aumento de salários desse grupo de vadios estivesse sujeito a um referendo popular, talvez tivéssemos, aí sim, representantes mais interessados num país melhor.