Título: Oposição mais próxima de ganhar nova cadeira no TCU
Autor: Bruno, Raphael
Fonte: Jornal do Brasil, 29/11/2008, País, p. A2

Os governistas podem enterrar na próxima semana uma das últimas chances do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de imprimir sua marca no Tribunal de Contas da União (TCU). Pelos corredores do Senado, é dada como certa a confirmação do ex-senador José Jorge, indicado pelo DEM, para assumir a cadeira do ministro Guilherme Palmeira, que se aposenta em dezembro. O plenário do Senado vai decidir entre Jorge e o senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO).

A disputa poderia ter sido resolvida na quinta-feira, quando a Comissão de Assuntos Econômicos analisou os nomes apresentados por governistas e oposicionistas. Mas os senadores da comissão aprovaram as duas sugestões. No primeiro round da batalha, Jorge ¿ que hoje preside a Companhia Energética de Brasília ¿ recebeu o aval de 26 senadores, enquanto Quintanilha teve 14 votos favoráveis.

O resultado positivo de Jorge não surpreendeu os governistas. Antes da votação, líderes do PMDB reconheciam que as chances do democrata eram maiores. Há quem confirme nos bastidores que os petistas resolveram agradar a oposição pensando em conquistar apoio para o petista Tião Viana na disputa pela presidência do Senado, em fevereiro próximo. Viana é o nome do partido, mas ainda encontra grande resistência entre os peemedebistas.

Atualmente, a composição política do TCU é o que mais chama a atenção. As nove vagas do tribunal são divididas da seguinte maneira: 2/3 deles são definidos pelo Congresso e 1/3 é indicado pelo presidente e referendado pelo Senado ¿ sempre alternando. Com este sistema, hoje, o órgão de fiscalização conta com cinco ex-parlamentares.

Composição

Por lá, além de dois ministros de carreira do Ministério Público, ocupam os gabinetes do órgão dois afilhados do PMDB, um do PP, três do DEM e um com formação tucana ¿ o que incomoda alguns governistas.

¿ O TCU virou um troféu para parlamentares com pouco cacife para conquistar o eleitorado ¿ dispara a senadora Serys Slhessarenko.

As ações de fiscalização do TCU incomodam a cúpula do governo. Um relatório publicado no mês passado assinala que a Casa Civil avalia para cima o desempenho das obras do programa. De 84 empreendimentos acompanhados neste ano pelo TCU, 38 (45%) estão com atraso maior do que o divulgado pelo governo.

O TCU também recomendou à Comissão Mista do Orçamento a suspensão dos repasses previstos para 153 obras, com orçamento total de R$ 26 bilhões, e encontrou irregularidades graves em 48 delas. Ao longo do governo Lula, os ministros criaram constrangimentos ao Planalto, lançando suspeitas sobre os gastos, como os dos cartões corporativos.

Com o aperto do TCU, a senadora Serys apresentou uma proposta de emenda constitucional (PEC) para extinguir o TCU. No texto, a senadora propõe que sejam criadas auditorias estaduais que encaminharão ao Congresso relatórios periódicos. A oposição critica a idéia. ¿ Isso parece movimento de quem tem algo a esconder, a encobrir - provoca o presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ).