Título: Terror sabota esperança de paz
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 26/02/2005, Internacional, p. A9

Atentado suicida mata três pessoas em Tel Aviv e rompe cessar-fogo entre palestinos e israelenses

TEL AVIV - O cessar-fogo entre israelenses e palestinos foi quebrado ontem à noite, com a explosão dentro de uma discoteca no centro de Tel Aviv. Pelo menos três pessoas morreram e mais de 40 estão feridas.

- Um único terrorista explodiu em uma fila de pessoas que estavam esperando para entrar no clube - afirmou o chefe da polícia de Tel Aviv, David Tzur.

Autoridades palestinas, em condição de anonimato, afirmaram que o grupo libanês Hisbolá orquestrou o atentado. Eles afirmam ter interceptado comunicações entre o militante do Hisbolá Kais Obeid e um palestino não-identificado, que acreditam ser o homem-bomba. Mas autoridades da organização extremista negam, apesar de uma rede de televisão do grupo ter respaldado um comunicado da Jihad Islâmica, que assumiu a explosão.

- Não importa quem está por trás do ataque. Isso é uma tentativa muito séria de sabotar todos os esforços que estão sendo feitos para a retomada dos processos de paz - esbravejou o principal negociador palestino, Saeb Erekat.

O último ataque suicida palestino aconteceu em 1º de novembro. A explosão de ontem pode ter colocado fim à trégua da crise entre israelenses e palestinos, iniciada a partir de um acordo verbal entre o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, e o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, em 8 de fevereiro, durante a cúpula de Sharm el Sheikh, no Egito.

Após o acordo, Tel Aviv entregou parte da segurança dos territórios palestinos à ANP, libertou 500 dos 8 mil palestinos que detém sob acusação de envolvimento com atentados contra israelenses e aprovou a retirada de colonos judeus que ocupam territórios palestinos. Em resposta, a ANP vinha garantindo a não-execução de ataques contra israelenses.

- Somos contra qualquer operação visando civis. Isto faz parte da trégua acertada em Sharm el-Sheikh e somos contrários a qualquer violação deste acordo - afirmou Nabil Abu Rudeina, conselheiro da presidência da ANP.

Mas o conselheiro de Sharon, Ra'anan Gissin, exigiu menos retórica e mais ação:

- O compromisso existe se todos cumprirem o que está acordado. Lamentar não é suficiente, é preciso agir para impedir.

Ainda que facções como o Hamas e a Jihad Islâmica não tenham se comprometido com o cessar-fogo, estavam seguindo uma trégua provisória. Líderes militantes tinham marcada uma reunião com autoridades palestinas no Cairo em 5 de março para discutir se formalizariam o cessar-fogo.

Eles ainda não estão satisfeitos com as iniciativas de Israel voltadas para construir confiança, como a libertação de prisioneiros e o fim de operações do Exército e assassinatos. Os militantes exigem a retirada total das forças israelenses da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.

Apesar de ser início do sabbath (período semanal de resguardo para os judeus), a casa noturna The Stage estava bastante movimentada.

- Passamos pela faixa de pedestres e de repente houve uma enorme explosão. Toda a área do lado fora do clube foi destruída. Destroços se espalharam e carros ficaram amassados - contou uma testemunha.