O globo, n. 31980, 26/02/2021. Sociedade, p. 10

 

Nova cepa está se espalhando em Nova York, dizem Cientistas

26/02/2021

 

 

Mutação pode ajudar o vírus a 'driblar' o sistema imunológico, apontam estudos

Uma nova cepa do coronavírus se espalha rapidamente pela cidade de Nova York e pode, segundo especialistas, diminuir a eficácia das vacinas contra a Covid-19.

A variante, denominada B .1.526, apareceu pela primeira vezem amostras coletadas na maior metrópole americana em novembro. Em meados deste mês, já era responsável por cerca de uma em cada quatro sequências vira isque apareciam no banco dedados compartilhado pelos cientistas.

Um estudo da nova variante, liderado por um grupo do Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia), foi divulgado pela internet na terça-feira. O outro, de pesquisadores da Universidade de Columbia, foi publicado na manhã de ontem. Os estudos ainda não foram revisados por pares nem publicados em jornais científicos. Mas os resultados, consistentes, sugerem que a propagação da variante é real, dizem os especialistas.

Os pesquisadores examinam sequências genéticas de vírus retiradas de pessoas infectadas para mapear o surgimento de novas versões. Eles descobriram o aumento do B.1.526 ao escanear mutações em centenas de milhares de sequências genéticas virais.

— Havia um padrão recorrente, algo que eu não tinha visto antes — disse Anthony West, biólogo da Caltech.

Ele e seus colegas descobriram duas versões do coronavírus aumentando em frequência uma com a mutação E484K, observada na África do Sule no Brasil, e outra com uma mutação chamada S477N. Em fevereiro, os dois juntos respondiam por cerca de 27% das sequências virais de Nova York, disse West. Por enquanto, ambos estão agrupados como B.1.526.

Os pesquisadores da Columbia, por sua vez, sequenciaram 1.142 amostras de pacientes. Descobriram que 12% das pessoas como coronavírus haviam sido infectadas com a variante com a mutação E484K.

A equipe também identificou seis casos da variante britânica, duas infecções com a cepa identificada no Brasil e um caso da variante da África do Sul. Os dois últimos não foram relatados na cidade antes.

—Até agora, estudos mostraram que as variantes com a mutação E484K são menos suscetíveis às vacinas do que a forma original do vírus. A mutação interfere na atividade de uma classe de anticorpos que quase todas as pessoas produzem — diz Michel Nussenzweig, imunologista da Universidade Rockefeller.

— As pessoas que se recuperaram do coronavírus ou que foram vacinadas têm grande probabilidade de combater essa variante, mas ainda podem ficar doentes com ela.