Título: Governador Valadares teme o desemprego
Autor: Correia, Karla
Fonte: Jornal do Brasil, 30/11/2008, País, p. A6

Mesmo atingida pela crise, Governador Valadares ¿ mais tradicional ponto de partida de brasileiros com destino aos EUA ¿ ainda não sofreu o impacto total dos reveses da economia norte-americana. Ao contrário do resto do país, a cidade mineira comemora cada vez que o dólar sobe, diz o vice-prefeito valadarense, Augusto Barbosa. Segundo ele, a alta da moeda estrangeira compensou parte da redução no volume de remessas enviadas ao município do exterior, o que tem ajudado a preservar o setor de comércio e serviços da região de maiores estragos, por conta da redução no volume de dinheiro que circula na economia da cidade.

A médio prazo, o reflexo mais grave da crise deve vir sob a forma de desemprego, acredita a socióloga Sueli Siqueira. Segundo ela, uma vez nos EUA, os emigrantes geralmente se dedicam a dois, às vezes três turnos de trabalho pesado e não se preocupam com a questão da qualificação profissional. Mesmo pessoas com escolaridade mais alta vão para fora do país visando apenas juntar dinheiro. Quando voltam ao Brasil, estão defasados em suas profissões, ou simplesmente retornam sem qualificação alguma. E encontram dificuldades para se reinserir no mercado de trabalho em seu país de origem.

¿ Esse período de readaptação é um momento difícil para o emigrante que retorna ¿ observa Sueli. ¿ O choque para quem estava acostumado a acumular recursos e se vê, de repente, sem emprego, é muito grande. Muitos querem voltar a sair, pensam em destinos diferentes, como o Canadá ou países da Europa, como Portugal ou Espanha.

Também por conta da crise, conta Augusto Barbosa, foram adiados os planos de instalação de uma unidade da Aracruz Celulose na cidade. O que, segundo o vice-prefeito, torna ainda mais dura a perspectiva de desemprego que a região vive. (K.C.)