Título: Comércio e serviços terão abalos menores que indústria
Autor: Rosa, Leda
Fonte: Jornal do Brasil, 30/11/2008, Economia, p. E3

Na economia real, a indústria e seus empregos são apontados pela maior parte dos analistas como os mais impactados pela crise.

¿ No plano externo, a crise impõe à indústria a queda nas exportações, devido à recessão nos países desenvolvidos. No mercado interno, também haverá desaceleração ¿ diz Fábio Silveira, da RC Consultores.

Dados da Pesquisa de Nível de Emprego (PNE) do Estado de São Paulo, divulgada pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), mostram que a indústria paulista demitiu 10 mil trabalhadores em outubro. Tais dispensas estavam previstas apenas para o último bimestre do ano. A entidade apontou redução de 0,41% no nível de emprego em outubro, em relação a setembro, sem ajuste sazonal. Corrigida, a queda foi de 0,13%.

Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, comentou, na época, que o novo dado representava "o início de uma trajetória descendente, uma quebra de padrão".

O levantamento anterior, em setembro, mostrou, já com ajuste sazonal, crescimento, de 0,23% na comparação com agosto. Antes de 2008, o mês de outubro negativo foi apurado em 2003.

Em termos de atividade, a mesma Fiesp registrou em outubro alta de 0,2%, com ajuste sazonal, na pesquisa do Indicador de Nível de Atividade (INA).

¿ O resultado de outubro foi razoável dada a atmosfera de crise, mas a tendência é de decréscimo para os próximos meses. Estamos à beira de um processo de redução da atividade econômica ¿ diz Francini.

¿ O setor que primeiro vai sentir o impacto é a indústria porque depende da demanda do comércio e da exportação ¿ diz Clemente Ganz Lúcio, do Dieese, que acredita em um horizonte mais definido no mercado de trabalho a partir de março. ¿ A saída do ciclo de férias é importante e pode indicar uma atitude defensiva da indústria.

Para a RC Consultores, a indústria paulista deve perder metade do fôlego em 2009. Contra os possíveis 6% de crescimento em 2008, Fábio Silveira, sócio-diretor, acredita que em 2009 o indicador fique em 3% em 2009.

Perto de 800 mil novos postos de trabalho devem ser gerados no setor dos serviços em 2008, segundo Fábio Romão, da LCA Consultores. Já para 2009, a expectativa da consultoria está em torno de 600 mil novas vagas. O total de novos empregos se equipara ao alcançado nos anos de 2005 e 2006.

Para o comércio é prevista uma freada mais intensa. Dos 405 mil cargos criados em 2007, o total deve chegar em 380 mil este ano. E, para 2009, a expectativa é de 210 mil novos empregos no setor.

Nos supermercados, carro-chefe do varejo, as vendas continuam crescendo. Segundo o Índice Nacional de Vendas, divulgado pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em outubro houve crescimento de 11,48% nas vendas reais em comparação ao mesmo mês do ano passado. Em relação ao mês anterior, alta real de 6,62%. No acumulado dos 10 primeiros meses do ano, o resultado alcançou 9,19%. (L.R.)