Título: Ceramistas, indústrias e exportações prejudicadas
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 27/11/2008, Tema do Dia, p. A2
Quase uma centena de indústrias gaúchas dos setores metal-mecânico, petroquímico e siderúrgico estão sem abastecimento de gás devido à ruptura do gasoduto Brasil-Bolívia na localidade de Gaspar, em Santa Catarina, devido às fortes chuvas que atingem a região. O desabastecimento prejudica também o pólo catarinense de cerâmica, integrado por 11 indústrias de cerâmica da região de Criciúma, que empregam cerca de 6 mil pessoas e ficarão paralisadas por pelo menos 26 dias.
A destruição de dois dos três berços de atracação do Porto de Itajaí também afetará o movimento de exportação de frango, pois o embarcadouro centraliza 45% dos embarques do produto para o exterior, da ordem de US$ 250 milhões, resultantes da venda de 150 mil toneladas por mês.
A administração do porto informou que os danos materiais, estimados em US$ 100 milhões, só poderão ser reparados em seis meses, pelo menos. Nesse período de chuvas, o porto já deixou de movimentar cerca de US$ 201 milhões, numa estimativa formulada a partir de operações diárias no valor médio de US$ 33,5 milhões.
O problema do gás
A Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG) informou que, apesar de a ruptura dos dutos ter apenas 80 metros de extensão, será necessária a construção de um desvio com 300 metros de comprimento. As obras não serão concluídas em menos de 21 dias.
Em função da carência da matéria prima, no Rio Grande do Sul, 87 empresas já interromperam os trabalhos e estudam a concessão de férias coletivas para os funcionários. Os resíduos do produto que permanecem nos dutos estão reservados para abastecimento racionado de residências e hospitais.
A Petrobras e distribuidoras locais de gás liquefeito de petróleo estudando uma plano de contingência para fornecimento de 30 mil m³/dia para atividades essenciais.
Otmar Mueller, presidente do Sindicato das Indústrias de Cerâmica de Santa Catarina, que faturam R$ 123 milhões mensais, informou ter solicitado ao governo estadual linha de crédito de R$ 500 milhões.
Com isto, espera que as empresas possam atender compromissos empresariais mais urgentes, como pagamento de empregados e de impostos. Mesmo após a retomada do fornecimento de gás, serão necessários pelo menos mais cinco dias para o reaquecimento dos fornos.