Título: Socorro às vítimas de enchentes
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 27/11/2008, Tema do Dia, p. A2

Brasília e Florianópolis

A tragédia em Santa Catarina obrigou o governo federal a publicar ontem uma medida provisória, em edição extraordinária, liberando R$ 1,6 bilhão para ajudar os estados brasileiros em situação de calamidade pública por causa das enchentes. A maior parte dos recursos deve ir para Santa Catarina, onde mais de 97 pessoas morreram, segundo dados divulgados até as 20h de ontem. Pelo menos 19 pessoas continuavam desaparecidas em razão da maior tragédia climática registrada no Estado.

Cerca de 1,5 milhão de pessoas foram afetadas diretamente pelas chuvas. Entre elas, 78 mil encontram-se desalojadas ou desabrigadas. E sete municípios continuam isolados.

Missão presidencial

A situação de calamidade fez o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, mudar a agenda e sobrevoar ontem várias regiões afetadas. A visita presidencial, que só seria realizada hoje, foi antecipada com o aumento do número de mortes. Além dos recursos disponibilizados pela MP, o Tesouro Nacional, por meio de títulos públicos, vai fazer um aporte específico de R$ 370 milhões para o governo de Santa Catarina.

Pelotão

Escalado pelo presidente Lula, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, também esteve em Santa Catarina, onde anunciou o envio de 17 toneladas de medicamentos e insumos médicos indicados para o tratamento de doenças comuns em casos de enchentes como leptospirose, hepatite, diarréia e problemas relacionados a má qualidade de água. As primeiras 10 toneladas de medicamentos devem chegar ainda hoje.

Temporão anunciou, também, a liberação de R$ 100 milhões para recuperação das unidades de saúde dos municípios catarinenses e a solicitação de um hospital de campanha ao Ministério da Defesa, que será instalado em local definido pelo governo do Estado. O ministro comprometeu-se a repor o estoque de vacinas de Santa Catarina, uma vez que a imunização foi perdida com a falta de energia elétrica nos locais de armazenamento. Técnicos do ministério especializados em situações de desastres foram enviados às regiões afetadas na última segunda-feira e permanecerão por lá por tempo indeterminado.

Uma das principais preocupações das autoridades de Santa Catarina agora é com surtos de doenças nos locais das enchentes. Falta água nos hospitais e plantões improvisados nas cidades atingidas. Médicos temem um aumento de casos de leptospirose. Dois hospitais e pelo menos três postos de saúde atendem apenas casos de urgência em Itajaí, onde a enchente atingiu cerca de 80% das moradias.

O maior hospital da cidade está sem água e o abastecimento de emergência é garantido por caminhões-pipa ou galões doados. A maioria dos atendidos precisa de sutura em ferimentos nas pernas.

Piscinas viram bebedouro

Com o desabastecimento de água dos municípios, a Secretaria de Saúde informou à população que quem tiver acesso a piscinas cloradas pode utilizar a água para beber e preparar alimentos. Desde que o líquido seja fervido por 10 minutos.

A Receita Federal de Foz do Iguaçu (PR) encaminhou ontem produtos apreendidos em operações contra contrabando às famílias prejudicadas pela chuva. Mais de três mil quilos de farinha de trigo, 3,9 mil quilos de farinha de mandioca, 120 mil fraldas descartáveis e 12 quilos de roupas chegaram a Itajaí. Desde segunda-feira essa os mantimentos estavam prontos para serem enviados, mas não saíram de Curitiba porque a estrada de acesso a Itajaí estava bloqueada, devido a deslizamentos.

A Defesa Civil do Estado aguardava ontem à noite a chegada de 48 bombeiros da Força Nacional de Segurança e 12 cães cães farejadores para reforçarem as equipes de busca e resgate.