Título: Governo insiste na previsão de 4% de crescimento em 2009
Autor: Lorenzi, Sabrina
Fonte: Jornal do Brasil, 03/12/2008, Economia, p. A18

Professor de Finanças do Ibmec-RJ, Nelson de Souza acredita que o crescimento no próximo ano ficará em torno de 2,5%, mas ressalta que não gosta de fazer previsões já que muitos fatores interferem e que poderão mudar rapidamente. Entre os quais citou as atividades industrial e agrícola, além do comportamento das pessoas e das exportações.

¿ A crise se espalhou pelo resto do mundo e, no Brasil, todo o setor de bens duráveis já está sendo atingido ¿ constata. ¿ Apesar de todo o esforço do governo em aumentar o crédito, as atividades sofreram redução.

O economista acredita que, em 2009, o setor automobilístico ainda deverá demitir mais gente, já que decretou férias coletivas com altos estoques e vendas baixas.

Produção

¿ Este número de estoque é o maior desde outubro de 2003. Quanto à produção, no mês passado, o número de empresas que informava pretender elevá-la era de 10%. Outras 63% disseram que vão produzir menos nos próximos dois meses. No ano passado, 46% diziam que iriam produzir mais e 13% informavam a intenção de produzir menos. Quer dizer, foi uma mudança dramática em termos de previsão e tendências ¿ analisa Campelo, da FGV.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também disse ontem que a redução da produção industrial reflete uma desaceleração da economia brasileira, mas que já era esperada para o último trimestre do ano. Afirmou ainda que não acredita em um crescimento de 2,8% para o país em 2009, conforme previsto pelos economistas consultados pelo Banco Central na pesquisa semanal Focus. A previsão do governo continua em 4%.

Miguel Jorge, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, disse que a desaceleração na indústria já era esperada e que, apesar de já ter reflexos no PIB do terceiro trimestre, o impacto maior será em 2009.

Para o ministro, o mundo inteiro passa por um processo de acomodação em decorrência da crise financeira internacional. Ressaltou que alguns setores estavam crescendo acima da média, como a indústria automobilística e de bens de capital, por isso a retração agora.

¿ Está havendo uma acomodação que não é boa de qualquer forma, mas é impossível de ser evitada porque está afetando o mundo inteiro ¿ disse.

Sem citar a crise, a LG Eletronics demitiu 200 funcionários da fábrica de Taubaté, em São Paulo.