Título: País cresce acima do esperado
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Fonte: Jornal do Brasil, 10/12/2008, Tema do Dia, p. A2

A economia brasileira cresceu mais que o previsto no terceiro trimestre deste ano, ajudada pela demanda interna e por investimentos em um período ainda pouco afetado pela piora da crise financeira global. Ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 1,8% no terceiro trimestre em relação ao segundo. Na comparação com igual período do ano passado, a alta chegou a 6,8%. Essa é a maior taxa desde o segundo trimestre de 2004. A maior parte dos economistas previa expansão de 1,2% do PIB na leitura trimestral e alta de 5,6% na comparação anual.

A crise externa ganhou força apenas a partir da metade de setembro, com o colapso do banco de investimento Lehman Brothers. A partir daí, os sinais de recessão global começaram a aparecer ¿ o que leva analistas a prever uma contração do PIB também no Brasil no quarto trimestre.

Nos últimos quatro trimestres, o país acumulou crescimento de 6,3%, o maior da série histórica iniciada em 1996. As previsões para este ano giram em torno de uma expansão de 5%.

¿ Infelizmente, esses números excelentes do terceiro trimestre, muito melhores do que qualquer um podia imaginar, são um retrato do passado ¿ afirmou Joel Bogdanski, consultor de análise econômica do Itaú.

Investimento recorde

O dado não muda a aposta predominante no mercado de que o Comitê de Política Monetária (Copom) vai manter o juro básico em 13,75% ao ano, hoje.

¿ O normal diante de todo esse cenário é manter a Selic para aguardar dados mais conclusivos e acomodação do câmbio, mas espero que o Copom já dê algum sinal de corte à frente ¿ comentou Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin.

Entre os componentes do PIB, o consumo das famílias cresceu 2,8% no terceiro trimestre ante o segundo e 7,3% frente a igual período do ano passado ¿ a 20ª expansão consecutiva nesse tipo de comparação ¿, ajudado pela melhora da massa salarial.

A formação bruta de capital fixo ¿ uma medida dos investimentos ¿ avançou 6,7% na relação trimestral e 19,7% ano a ano. Esse aumento, segundo o IBGE, é explicado principalmente pelo aumento da produção interna e da importação de máquinas e equipamentos.

A indústria cresceu 2,6% sobre o segundo trimestre; o setor agropecuário expandiu-se 1,5% e o setor de serviços teve alta de 1,4%. A taxa de investimento do país atingiu 20,4% do PIB no terceiro trimestre, a maior da série histórica para esse período.

A preços de mercado, o PIB alcançou R$ 747,3 bilhões de julho a setembro.