Título: Centro de Triagem do Ibama no estado será ampliado
Autor: Sáles, Felipe; Abade, Luciana
Fonte: Jornal do Brasil, 07/12/2008, Cidade, p. A19

Embora o Rio seja o prin- cipal receptor de animais traficados, a superintendência do Ibama no estado conta com apenas um Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), contra quatro existentes em São Paulo, por exemplo. São 16 recintos, muitos deles improvisados e adaptados pelos próprios sete técnicos que se desdobram em plantões para cuidar dos animais, que chegam na maioria das vezes extremamente machucados. Por ironia do destino, será justamente a construção de uma rodovia que poderá ajudar a salvar as espécies.

O Arco Rodoviário Metropolitano ­ que está sendo construído pelo estado ­ vai cortar a Floresta Nativa Mário Xavier, em Seropédica, na Baixada Fluminense, onde o Cetas está localizado. O novo Cetas ­ ainda sem prazo de construção ­ terá a área duas vezes maior do que a atual, com cerca de 4 hectares. O Centro receberá R$ 5 milhões de indenização que serão usados para modernizá-lo. ­ Se tivéssemos 10 Cetas, os 10 estariam lotados ­ acredita o Rodrigo Costa, biólogo do Instituto Estadual de Florestas que está cedido ao Ibama. ­ O Rio é um centro distribuidor e a oferta e procura é imensa.

Animais em extinção

O Cetas conta com apenas sete tratadores, número que poderá ficar ainda menor caso o contrato do IEF com o Ibama não seja renovado. Segundo Vinícius de Oliveira, coordenador do Cetas, o ideal para o centro seria haver pelo menos mais quatro tratadores de animais. No local vivem animais em extinção como canário xoxó, arara e trinca-ferro, que podem valer de R$ 3 mil a R$ 30 mil. Em competições de pássaros, um pio mais alto pode elevar o valor área até R$ 250 mil. ­ Aqui não tem greve nem feriado ­ conta. ­

Tem sempre alguém de plantão para cuidar dos animais. Recebemos 95% dos animais apreendidos no Rio e tivemos de improvisar alguns locais. Para não sobrecarregar o centro, Vinícius conseguiu um convênio entre o Ibama e a Força Aérea Brasileira para fazer o repatriamento dos animais. O primeiro foi em outubro para Vitória da Conquista, na Bahia. Outros são repatriados em sítios ecológicos da região. O Cetas tem hoje 3.200 animais. Alguns, como o ouriço caxeiro que se enche de espinhos ao se sentir ameaçado, tiveram os olhos queimados para que compradores o considerassem manso.