Título: Agência reduz previsão de consumo de petróleo
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 06/12/2008, Tema do Dia, p. A2

A Agência Internacional de Energia (AIE) revisou para baixo suas previsões de consumo mundial de derivados do petróleo para o período entre 2008 e 2013, antecipando agora um crescimento anual de 1,2%, segundo relatório publicado ontem. De acordo com o levantamento, a demanda global subirá de 86,2 milhões de barris diários (mbd) este ano para 91,3 mbd em 2013 ¿ ou seja, uma alta anual de 1 mbd em média, afirma a AIE.

Em relação às previsões de julho, a agência rebaixou a demanda deste ano em 700 mil barris diários, 1,4 mbd para 2009 e 2,9 mbd para 2013. O ritmo de crescimento anual projetado, na ocasião, era de 1,6%, ou seja, de 86,9 mbd este ano a 94,1 mbd em 2013.

Segundo as novas estimativas, a demanda retrocederá 0,4% ao ano nos países membros da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE) ¿ as nações mais desenvolvidas do mundo ¿ devido à desaceleração econômica.

Sinais de pessimismo

Muito mais do que um indicador de consumo, as projeções da AIE representam evidente sinal de alerta para o futuro da economia global. Analistas do setor interpretam o relatório como mais um sinal de que a crise poderá ser mais longa do que o desejado. Ontem, as cotações do barril do petróleo também acentuaram a trajetória de queda, ao fechar no patamar de US$ 40 ¿ o mais baixo desde 2007.

Em Londres, o barril de Brent do Mar do Norte caiu a menos de US$ 40, fechando em US$ 39,74, uma queda de US$ 2,54 em relação ao fechamento da véspera.

¿ As pessoas não vão comprar casa ou carro, e isso aumenta os temores de que a crise seja longa e profunda ¿ comentou Phil Flynn, da Alaron Trading.

Redução da Opep

Para o analista Andy Lipow, também dos Estados Unidos, os preços ainda podem cair US$ 10. Hoje, justificou, a oferta pode ser considerada alta demais para o atual patamar de consumo mundial. O pessimismo é tamanho que a ameaça de novo corte da produção anunciada pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) não impressiona o mercado como em outros momentos da história.

¿ As reduções da Opep não fazem nada além de acompanhar a queda da demanda, que diminui rapidamente e em maior intensidade para o cartel.