Título: Brasil terá desaceleração menor
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Fonte: Jornal do Brasil, 06/12/2008, Tema do Dia, p. A2

Mais um relatório, desta vez da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), confirmou os sinais de forte desaceleração das economias globais devido à crise financeira. A boa notícia é que o Brasil foi o único país que teve a sua perspectiva de ciclo de crescimento apresentada apenas como declínio. A previsão para as economias líderes globais se enfraqueceu ainda mais em outubro do que em setembro. Nesse período, houve significativa deterioração nas perspectivas para a China, Índia e Rússia.

O principal indicador da OCDE para o G-7 caiu para 94,8 pontos em outubro frente aos 95,9 em setembro, revisado para cima. A cifra indica uma queda de 5,9 pontos em 12 meses. A perspectiva do ciclo de crescimento na área do G-7 foi avaliada como de forte desaceleração.

"Comparada com o último mês, a previsão se deteriorou significativamente nas principais economias não integrantes da OCDE. China, Índia e Rússia agora também enfrentam fortes desacelerações", afirmou a OCDE em comunicado.

Mercado interno forte

O indicador para a Alemanha teve a maior queda entre os países do G-7 no mês, de 95,1 para 93,5, enquanto o Japão recuou de 96,1 para 95,2. Ou seja, a economia desses países continuará crescendo, mas terá uma frenagem acentuada, de acordo com as conclusões do indicador, elaborado para detectar viradas no ciclo econômico.

O Brasil é a única grande economia analisada no CLI (Indicador Composto Avançado, na sigla em inglês), divulgado ontem que, segundo uma previsão da organização, não terá uma forte desaceleração de sua atividade econômica nos próximos seis meses.

Para o economista brasileiro Marcos Poplawski Ribeiro, professor de finanças internacionais do Instituto de Estudos Políticos de Paris e pesquisador do Cepii (Centro de Estudos, Perspectivas e Informações Internacionais, na sigla em francês), o cenário econômico mais otimista em relação ao Brasil pode ser explicado pelo fato de que a demanda interna continua forte no país.

¿ A diminuição do crédito no Brasil já acontece, mas ela ainda não é tão forte como nos outros países ¿ observou Ribeiro. ¿ Por enquanto, os consumidores brasileiros continuam comprando, o que estimula a atividade econômica.

A questão, segundo o economista, é saber quanto tempo o consumo interno poderá continuar aquecido.