Título: Maior redução de postos de trabalho em 34 anos
Autor: Willis, Bob
Fonte: Jornal do Brasil, 06/12/2008, Tema do Dia, p. A4

EUA: folhas de pagamentos encolhem fortemente

Bob Willis

BLOOMBERG NEWS

As empresas dos EUA reduziram as suas folhas de pagamento ao ritmo mais acelerado de 34 anos, enquanto a economia do país está a caminho da sua maior e mais longa recessão do pós-guerra. As empresas cortaram 533 mil empregos no mês passado, o que elevou o número de postos de trabalho fechados este ano a 1,91 milhão, disse ontem o Departamento do Trabalho em Washington.

O declínio de novembro superou as projeções de todos os 73 analistas consultados em uma pesquisa da Bloomberg News. A taxa de desemprego subiu para 6,7%, o nível mais alto desde 1993.

¿ É inacreditável ¿ disse Nariman Behravesh, economista- chefe da IHS Global Insight de Lexington, Estado do Massachusetts. ¿ Já estamos bem adiantados no caminho da pior recessão do pós-guerra.

É provável que o nível de emprego nos EUA continue a diminuir no ano que vem, uma vez que o colapso no crédito e a restrição dos gastos afetam as empresas.

A redução das folhas de pagamento seria de 335 mil postos de trabalho, segundo a mediana das estimativas de uma pesquisa Bloomberg. A expectativa era que a taxa de desemprego aumentasse para 6,8%. As revisões das projeções relativas a setembro e outubro aumentaram as perdas em 199 mil postos de trabalho. Novembro foi o 11º mês consecutivo com queda no número de empregos nos EUA.

¿ Estamos vendo o impacto da falta de crédito se infiltrando em muitas empresas, que estão morrendo de medo ¿ disse John Silvia, economista da Wachovia Corp., de Charlotte, Estado da Carolina do Norte, e ex-economista de uma equipe do Congresso. ¿ A confiança do consumidor vai ser baixa. Os números relativos à renda pessoal serão horríveis. Vai ser um inverno (no Hemisfério Norte, de dezembro a março) difícil para muitas pessoas.

As folhas de pagamento da indústria de transformação registraram queda de 85 mil postos de trabalho em novembro e de 104 mil em outubro.

A volta, no mês passado, de 27 mil mecânicos da Boeing Co., que estavam em greve, retribuiu para reduzir a queda nos postos de trabalho. A projeção dos economistas para os empregos perdidos em fábricas em novembro era de 100 mil. O recuo inclui 13.100 postos de trabalho eliminados nos setores automobilístico e de autopeças.

O relatório divulgado ontem também reflete a crise da habitação e do crédito. O número de empregos na construção civil caiu 82 mil em novembro e 64 mil em outubro. As empresas financeiras eliminaram 32 mil postos de trabalho no mês passado e 31 mil no mês anterior.

¿ Só teremos o fim das perdas de empregos em 2010 ¿ previu Kurt Karl, economista-chefe da Swiss Re em nova York, em entrevista à TV Bloomberg.