Título: Um gasto a mais em tempos de crise mundial
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 06/12/2008, País, p. A12

O momento de crise econômica vivida pelo país, ainda com futuro incógnito, é outro problema apontado por militares como um dos fatores que devem ser considerados pelo governo antes de se levar adiante a proposta de mudança física da Escola Superior de Guerra.

¿ Nesse momento de crise, será prioritária essa transferência? Isso vai demandar gastos ¿ indaga o presidente do clube militar, General Gilberto Figueiredo. ¿ O mais importante é saber o que se pretende com a ESG em Brasília. São militares e civis dentro da escola. Os militares da ativa já estão acostumados com transferências. Já para os que estão na reserva, será mais complicado. Certamente o restante do corpo permanente também precisará ser transferido, o que vai dificultar.

Num tom enfático, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), capitão da reserva do Exército que já ministrou palestras na ESG, defende a tese de que a transferência da escola para Brasília não atende aos interesses do Brasil no que diz respeito a formação de estrategistas militares.

Esvaziamento

¿ A maior parte dos alunos são civis acima de 40 anos e pais de família, oriundos do eixo Rio-São Paulo ¿ explica o parlamentar. ¿ A escola em Brasília será esvaziada, tendo em vista as dificuldades dos alunos em se locomoverem e passarem dias longe da família. O centro empresarial do país está no Rio e em São Paulo. Eu tenho uma visão do que é bom para o Brasil. Ao longo dos anos, o Rio já vem sendo esvaziado e com essa transferência, é mais um pouco que ele perde.

Bolsonaro também destacou que "os grandes debatedores e formadores de opinião" passam pela ESG, o que daria uma "vivência muito grande para o aluno". Apesar de nunca ter estudado na ESG, o deputado garante o bom desempenho da instituição.

- É um órgão que estuda o Brasil, se preocupa com o país ¿ diz. ¿ O aluno sai de lá com algo a mais no currículo e uma visão avançada.

O delegado da Associação de Diplomados na ESG de São Paulo, Adauto Roccheto, também se mostra preocupado com a possível mudança na sede da escola, mas não nega que a medida poderia trazer benefícios como um todo para a instituição.

¿ Por um lado, seria bom, porque a ESG estaria mais próxima dos ministérios, do Congresso ¿ avalia Roccheto. ¿ Seria mais fácil conseguir audiências, manter diálogos. Por outro, tenho certeza que muitos oficiais não gostariam de se mudar para Brasília. E isso pode enfraquecer os quadros da escola.