Título: Cortes nos bancos europeu, sueco e britânico
Autor: Totinick, Ludmilla; Costa, Gabriel
Fonte: Jornal do Brasil, 05/12/2008, Tema do Dia, p. A2

Três autoridade monetária da Europa ¿ Banco Central Europeu (BCE), Banco da Inglaterra (BC britânico) e Riksbank (o banco central da Suécia) ¿ reduziram ontem suas taxas básicas de juros. O BCE cotou a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, para 2,50%. No mesmo caminho seguiu o BC britânico decidiu reduzir em 1 ponto percentual para 2% ao ano, o nível mais baixo desde 1951, enquanto o banco central da Suécia baixou a taxa em 1,75 ponto percentual, que atingiu 2%, um corte nunca visto desde 1994.

Na Europa, os economistas apostavam em uma redução de 0,5 ponto percentual da taxa. No entanto, diante da degradação rápida da economia e da queda brutal da inflação, alguns previam um gesto mais firme do BCE, como aconteceu, com um corte de 0,75%.

O presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, revelou que o banco prevê uma recessão na zona do euro em 2009, com uma contração de 0,5% em média do Produto Interno Bruto (PIB). Para 2008, o BCE revisou sua previsão em baixa e aposta agora em um aumento de apenas 1% do PIB, contra 1,4% anunciado há três meses.

Suécia

Esta é a terceira redução consecutiva do Riksbank nos últimos dois meses, e que, com as duas anteriores, significa uma queda global de 2,75 pontos nos juros, praticados para atenuar a queda da produção e da ocupação laboral.

"Desde outubro, ocorreu uma inesperadamente rápida e clara piora da conjuntura. E espera-se que ainda continue debilitando mais pela frente", afirmou o Riksbank, em comunicado. As estimativas do banco central indicam que os juros ficarão em 2% dentro de um ano, subirão para 2,5% no quarto trimestre de 2010 e para 3,2% no mesmo período de 2011.

O PIB (Produto Interno Bruto) crescerá 0,9 ponto em 2008, cairá 0,5 em 2009 e crescerá 2,2 e 3 pontos em 2010 e 2011, respectivamente, segundo os cálculos do Riksbank. A inflação ficará em 3,5% este ano, cairá para 1,2% no ano seguinte, subirá para 1,5% em 2010 e alcançará 2,1% em 2011, segundo as projeções do banco central sueco.

O banco britânico efetuou o terceiro corte consecutivo da taxa de juros, que há apenas dois meses estava em 5%, também para reativar a economia do país. No mês passado, o ONS (Escritório Nacional de Estatística, em inglês) informou que o PIB britânico caiu 0,5% no terceiro trimestre do ano, a primeira queda em 16 anos. Os analistas já prevêem que a economia britânica está a caminho de entrar em recessão no fim do ano.

O desemprego no Reino Unido aumentou em 140 mil pessoas entre julho e setembro, para 1,82 milhão, o que equivale a 5,8% da força de trabalho do país, a porcentagem mais alto em 11 anos, segundo o ONS.

Na semana passada, o presidente do banco, Mervyn King, havia afirmado a um comitê parlamentar britânico que a instituição que preside tomará a medida que for necessária para colocar a economia em "águas mais tranqüilas". O ex-membro do comitê monetário inglês Willem Buiter disse hoje à BBC que os juros têm que chegar a zero no próximo ano, porque a recessão será "profunda e prolongada".