O Globo, n.31993 , 11/03/2021. Economia, p.17
Desemprego bate recorde em 20 estados em 2020, diz IBGE
Raphaela Ribas
11/03/2021
No Rio, apenas 45,4% da população em idade ativa tinham trabalho
No ano da pandemia, o desemprego foi recorde em 20 estados brasileiros, segundo dados da Pnad Contínua publicados ontem pelo IBGE, que também trazem detalhes sobre como a falta de vagas afetou de forma diferente homens e mulheres. O instituto já havia anunciado que a taxa média de desemprego em 2020 no país havia alcançado o maior patamar (13,5%) da série histórica, iniciada em 2012.
O impacto da crise foi maior no Nordeste e menor no Sul. Os estados com maior índice de desemprego foram Bahia (19,8%), Alagoas (18,6%), Sergipe (18,4%) e Rio de Janeiro (17,4%).
De acordo com o estudo, em 2020, o nível de ocupação no país foi de 49,4%. Esta é a primeira vez na série anual que menos da metade da população em idade para trabalhar estava ocupada.
No Nordeste, o nível de ocupação ficou abaixo de 50% em 15 estados. O Rio, no Sudeste, também teve apenas 45,4% da sua população com emprego.
O economista da FGV/ Ibre Rodolpho Tobler explica que estas regiões foram as mais afetadas na pandemia devido ao alto índice de informalidade e por causa da dependência de vagas no turismo e em serviços. Com as restrições de circulação, estes setores foram fortemente atingidos, e a retomada está travada à espera da vacinação em massa.
Ele acredita que, com o recrudescimento da pandemia, a taxa de desemprego vai aumentar:
— Agora, se o auxílio vier, será um valor inferior. Procurar trabalho não é mais uma opção. As contas ficam apertadas, e a necessidade de emprego se torna urgente.
Os dados do IBGE também deixam claro como a falta de vagas afeta de forma diferente homens e mulheres, assim como brancos, pretos e pardos. A taxa de desocupação em 2020 para pretos foi em torno de 17% e para pardos, de 15%. Já o desemprego entre brancos ficou em 10,9%.
No caso das mulheres, a taxa de desocupação foi de 15,7% no ano, enquanto a dos homens ficou em 11,8%.