Correio Braziliense, n.21116 , 18/03/2021. Cidades, p.15

 

Aglomeração: a vilã da pandemia

Luana Patriolino

18/03/2021

 

 

As reuniões e as festas clandestinas continuam sendo um desafio no enfrentamento à covid-19. Dados mostram que os jovens estão sendo os mais infectados pela doença e lotam as UTIs. Taxa de transmissão caiu para 0,99

Evitar as aglomerações e as festas clandestinas estão entre os principais desafios do Distrito Federal para diminuir as taxas de transmissão da covid-19. Simples e eficiente, a medida é unanimidade entre especialistas de saúde para abaixar os números alarmantes de infecção e óbitos, inclusive de jovens, pelo novo coronavírus na capital.

O médico infectologista Julival Ribeiro explica por que o número grande de pessoas num mesmo espaço é extremamente perigoso. "O mundo está preocupado com as novas variantes. Elas têm um poder de transmissão muito grande. A aglomeração é perigosa, ainda mais sem máscaras. O risco é altíssimo. As pessoas têm que entender que precisam evitar aglomerações de qualquer jeito. Infelizmente, essas novas cepas estão infectando e matando os mais jovens", detalha.
O DF registrou 30 mortes e 1.322 casos da covid-19, nesta quarta-feira. Com as ocorrências, a capital acumula 5.206 óbitos e 301.234 infecções pelo novo coronavírus. A média móvel de casos está em 1.655, o que representa aumento de 46,87% em relação ao número de 14 dias atrás. Quanto às mortes, em comparação ao mesmo período, o índice é de 25,57 — (aumento ou queda) de 64%. O índice de transmissão está em 0,99 (cada 100 infectados transmitem o vírus para 99 pessoas), significando uma desaceleração da doença, anunciou o secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, em coletiva realizada ontem. Para a pandemia ser considerada controlada, o índice de transmissão precisa estar abaixo de 1. Nas últimas semanas, a taxa chegou a atingir o pico de 1,38 — 100 contaminados infectam 138 pessoas. "A taxa abaixo de 1 é o ideal que permaneça. Essa é a ideia de voltarmos ao patamar inicial antes dessa crise aguda da pandemia", avaliou o chefe da Casa Civil.
Segundo o secretário de Saúde, Osnei Okumoto, equipes da pasta fazem uma análise diariamente sobre a situação. "Com relação ao decreto (de restrições ao comércio), essa análise da situação é dia a dia. Até a vigência desse decreto (dia 22 de março), o governo vai deliberar. Pela Secretaria de Saúde, fazemos nossos exames e atendimentos, todo o serviço de vigilância e saúde, bem como a área de assistência. Então, esses dados são coletados e levados ao governo, que toma a decisão", afirmou.

Máscaras

Simples e eficientes, o uso de máscaras e isolamento físico continuam sendo as melhores medidas contra a covid-19. O infectologista explica a importância de usar proteção facial e protocolos básicos de higiene. "Ao tossir, espirrar, cantar ou falar , podemos transmitir gotículas e nelas contém o vírus. Se tiver sem máscara, pode atingir a mucosa nasal de alguém, a boca ou os olhos. Aí a pessoa pode se infectar e desenvolver a doença", afirma.
A médica infectologista Magali Meirelles destaca a importância de evitar tocar o rosto desnecessariamente na rua e também a necessidade de manter-se a uma distância de pelo menos um metro e meio de outras pessoas. "As gotículas conseguem, em geral, alcançar até um metro de distância quando são expelidas. Outra maneira de transmissão, apesar de menor que a anterior, é o contato das mãos com superfícies contaminadas", explica.
Meirelles faz um apelo para que a população evite se aglomerar. "O atual momento da pandemia, sem dúvidas, é o mais crítico de todos. A taxa de transmissão precisa cair, para sairmos do colapso do sistema de saúde, que não tem vagas para todos os que necessitam, devido à avalanche de casos da doença", diz.
O uso de máscaras de proteção facial no DF também é obrigatório e está determinado no Decreto nº 40.648, de 23 de abril de 2020. De acordo com a publicação, que ainda está em vigor, todas as pessoas devem usar em espaços públicos, vias públicas, transporte público coletivo e estabelecimentos comerciais, industriais e de serviço. O descumprimento da norma pode levar a uma multa de até R$ 2 mil.