Título: Uma nova chance para a Alca
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Fonte: Jornal do Brasil, 31/01/2005, Economia, p. A19
Celso Amorim e Robert Zoellick tentam reativar negociações sobre criação de bloco econômico no continente
DAVOS, Suíça - Representantes de Brasil e Estados Unidos afirmaram ontem que estão explorando maneiras de recomeçar as paralisadas conversas sobre a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).
- Exploramos caminhos que nos permitirão relançar o processo da Alca em breve - disse o ministro brasileiro de Relações Exteriores, Celso Amorim, que se reuniu com o representante dos Estados Unidos para o comércio, Robert Zoellick, durante o último dia do Fórum Econômico Mundial, em Davos.
Segundo Zoellick, ''as conversas certamente não estão mortas''. As negociações sobre a Alca - que eliminaria barreiras de comércio entre todos os países do continente americano, excetuando-se Cuba - caminham em marcha lenta.
A região não conseguiu cumprir o prazo limite de 1º de janeiro de 2005, estabelecido dez anos atrás, para finalizar as negociações sobre a implantação do bloco econômico.
Brasil e Estados Unidos são os países que lideram as negociações, mas possuem opiniões bastante divergentes sobre como deveria ser o desenho do acordo final. Washington pressiona por um pacto mais amplo e não tem interesse em discutir reduções nos subsídios concedidos à produção agrícola doméstica.
Críticos nos dois países temem que a Alca resulte em desemprego e em um aumento do poder corporativo, associado pelos analistas ao desenvolvimento do Nafta, acordo de livre comércio que envolve Canadá, México e EUA.
Do grupo de 26 ministros de países em desenvolvimento e de nações ricas que se reuniram sábado em Davos - quando decidiram intensificar os esforços políticos para a modernização das normas de comércio internacional da Organização Mundial do Comércio (OMC) - oito voltaram a se reunir ontem com o diretor da OMC Supachai Panitchpakdi. O objetivo era dar prosseguimento a conversações informais.
Ao deixar o encontro, o ministro do Comércio queniano, Mukhisa Kituyi, disse que os negociadores ainda não dão atenção suficiente às preocupações dos países em desenvolvimento, o que aumenta o descontentamento antes mesmo da próxima reunião informal, marcada para daqui a cinco semanas.
Em resposta às preocupações de Kituyi, o diretor da OMC reconheceu que não houve avanço em algumas áreas de especial interesse dos países em desenvolvimento e pediu aos negociadores para que cheguem a um equilíbrio.
- As preocupações com o desenvolvimento permearão todos os níveis de negociações - afirmou Supachai.