Correio Braziliense, n.21122 , 24/03/2021. Brasil, p.10

 

3.251 mortes em 24h

Bruna Lima

Maria Eduarda Cardim

24/03/2021

 

 

Óbitos pela covid-19 não param de subir e, segundo o Conass, há a possibilidade de o Brasil romper hoje a barreira de 300 mil vidas perdidas

Considerado uma ameaça aos países vizinhos devido ao descontrole da transmissão do novo coronavírus, o Brasil se aproxima rapidamente da marca dos 300 mil mortos pela covid-19. Ontem, o balanço do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), reproduzido pelo Ministério da Saúde, registrou novo recorde de óbitos: 3.251 nas últimas 24 horas, totalizando 298.676 vidas perdidas desde o início da pandemia no país. O número mantém o Brasil, há 25 dias, como líder global nas atualizações das perdas causadas pelo novo coronavírus. De cada 10 mortes diárias no mundo, tr~es são do Brasil.

Com média móvel ascendente, a previsão é que o país encerre o dia de hoje ultrapassando as 300 mil mortes para a covid-19. De acordo com levantamento do Conass, a média de óbitos dos últimos sete dias está em 2.436. Caso o balanço registre 1,3 mil mortes, pouco mais da metade da média atual, o país romperá a marca nas próximas horas.

O novo recorde negativo foi registrado depois de o Brasil fechar a semana epidemiológica mais mortal da pandemia no Brasil. A 11ª semana somou 15.650 mortes, 22% a mais que a anterior, que era a recordista até o momento, e 103% superior à semana 30 de 2020 — quando o país alcançou 7.677 óbitos no pico da primeira onda. Segundo levantamento do Our World in Data, plataforma ligada à Universidade de Oxford, atualmente mais de 20% das mortes que ocorrem nos cinco continentes se concentram no Brasil, ainda que a população brasileira represente somente 2,7% da totalidade mundial.

O grande número de mortes era esperado, pois somente São Paulo, estado que concentra quase 23% dos óbitos, registrou 1.021 nas últimas 24 horas — o recorde no estado era de 679, 33% a menos do que a nova marca. Com os novos números, o estado acumula 68.623 vidas perdidas e 2.332.043 de casos da doença.

A atualização de casos, com números em rota de subida, é um indicativo de que a gravidade da pandemia ainda não chegou ao pico da nova onda. Mais 82.493 casos de covid-19 foram confirmados pelo Conass e pelo Ministério da Saúde, que soma 12.130.019 infecções registradas no balanço nacional. A diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Carissa Etienne, demonstrou preocupação com a situação do Brasil, pois a disseminação do novo coronavírus no país continua crescendo "perigosamente" e afeta as nações vizinhas.

Enquanto os casos e óbitos aumentam no país, ela sugere que as medidas preventivas sejam seguidas pela população. "Os casos e óbitos estão aumentando e a ocupação dos leitos de UTI é muito alta em muitos estados. É fundamental que todos os brasileiros adotem as medidas preventivas que estão sendo implementadas para retardar a transmissão do vírus", exortou.