Correio Braziliense, n.21122 , 24/03/2021. Brasil, p.10

 

Menos 10 milhões de doses em abril

24/03/2021

 

 

O Ministério da Saúde mudou, mais uma vez, o cronograma de entrega vacinas da covid-19 e espera, agora, receber aproximadamente 9 milhões de doses a menos em abril do imunizante Oxford/AstraZeneca envasado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Segundo a sexta previsão apresentada pela pasta, o laboratório deve entregar, no próximo mês, 21,1 milhões de doses, em vez de 30 milhões. Mas essa quantidade pode ser ainda menor.

Isso porque, em sessão no Senado sobre o fornecimento de vacinas ao Programa Nacional de Imunização (PNI), a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, disse que as projeções que a Saúde apresentou tomam por base dados repassados pela fundação a partir de um cálculo de entrega de 1 milhão de doses por dia. "A chegada a esse patamar esbarrou em algumas questões. Primeiro, porque esse início sempre requer ajustes. Essa discrepância tem a ver com a chegada do IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo), que vem por etapas. Além disso, cada lote de vacina fica 20 dias em teste para avaliar a estabilidade e possibilidade de contaminação. Esta variação está ligada a esses fatores", explicou.

Ela defendeu que o atual demonstrativo é "o mais próximo da realidade possível" e que a Fiocruz trabalha para acelerar a produção, o que, conforme disse, está sendo feito. O ministério, porém, manteve a nova previsão e, em nota, disse que "não é responsável pela redução no cronograma".

No cronograma apresentado ontem, a Saúde também não deixa claro o total de doses esperadas em abril. Antes, previa a entrega de 57,1 milhões de vacinas para o mês, número que incluía, ainda, 1 milhão de unidades da Pfizer. Mas, agora, afirma que de abril a junho serão entregues 13,5 milhões de injeções desta farmacêutica, e não detalha o número previsto para o próximo mês.

Apesar da redução em abril, o ministério espera receber cerca de 100,4 milhões de doses da Oxford/AstraZeneca/Fiocruz no primeiro semestre de 2021. Prevê, também, a entrega de vacinas de empresas que sequer apresentaram dados exigidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o uso emergencial, como a Sputnik V (400 mil doses/mês) e a Covaxin (8 milhões/mês). Há dúvidas se a Índia liberará os 2 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca, fabricadas pelo Instituto Serum, que o ministério espera receber também em abril.