Correio Braziliense, n.21122 , 24/03/2021. Brasil, p.11

 

Cartas pedem coordenação

Maria Eduarda Cardim

24/03/2021

 

 

Com o agravamento da pandemia da covid-19 no Brasil, diversas entidades têm se manifestado para orientar a população e pedir uma definitiva união entre governo federal, estados e municípios no combate ao vírus. Em cartas abertas divulgadas ontem, a Associação Médica Brasileira (AMB) pediu o banimento de remédios que vinham sendo indicados por Jair Bolsonaro e o Ministério da Saúde num suposto tratamento precoce contra a doença — como a cloroquina, a ivermectina e a azitromicina —, enquanto a Confederação Nacional de Municípios (CNM) e o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) exigiram do presidente da República a coordenação nacional da luta contra a pandemia.

Por meio de uma carta, a CNM exortou Bolsonaro a assumir "de uma vez por todas o papel constitucional de coordenação nacional no enfrentamento da covid-19 no país, promovendo o alinhamento entre as esferas de governo e de poder". "É hora de colocar a evidência científica como norte e despolitizar a pandemia, superando divergências e priorizando a defesa da vida para estancar as milhares de mortes", cobrou.

A preocupação é a mesma da AMB, que divulgou uma relação de medidas para o enfrentamento da doença. A associação cita a vacinação célere como "medida ideal" para controlar a transmissão, mas aponta o isolamento social, o uso correto de máscaras, a ventilação adequada de ambientes e outras medidas como fundamentais. E condena a prescrição de remédios sem eficácia no tratamento da covid-19. "Medicações como hidroxicloroquina/cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, azitromicina e colchicina, entre outras drogas, não possuem eficácia científica comprovada de benefício no tratamento, portanto, a utilização deve ser banida", exigiu o documento.

A AMB ainda alertou para que pessoas com suspeita ou com a confirmação da covid-19 não se automediquem ou usem corticoides, como a dexametasona e a prednisona. "Utilizados fora do período correto, podem piorar a evolução da doença", afirmou.

Sobre o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que tomou posse ontem, a AMB salientou que "os brasileiros almejam que vossa gestão ecoe e se guie exclusivamente pela voz da ciência". E cobrou que ele seja "um exemplo de independência" na implantação de políticas e medidas consistentes e necessárias.

Da mesma forma, o Conass cumprimentou Queiroga e pediu ações "sinérgicas". "Mais do que nunca, a população necessita de uma coordenação nacional para o enfrentamento da covid-19, com ações precisas, amparadas na ciência, que garantam a prevenção de novos contágios", salientou o texto.