Título: Reformas de luxo, mesmo com os cortes
Autor: Bruno, Raphael
Fonte: Jornal do Brasil, 16/12/2008, País, p. A6

BRASÍLIA

No apagar das luzes do mandato do presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a Casa se apressa para concluir reformas e compra de mobiliário para imóveis funcionais que mantém em Brasília e fugir do tesouraço que a dotação do Congresso pode sofrer na votação do relatório do Orçamento Geral da União para 2009, prevista para acontecer ainda nesta semana. Ao todo, a compra de mobília deve representar gastos de R$ 1,4 milhão para a Casa ¿ o equivalente a R$ 15 mil para cada um dos 96 imóveis que serão reequipados. Já o edital para a reforma dos blocos A,B,C,D e E da quadra 302 Norte prevê gastos de R$ 53,8 milhões.

Na justificativa do edital, a Comissão Permanente de Licitações da Câmara argumenta que a reforma deve implicar redução dos gastos da Casa com auxílio-moradia. Isso porque dos 288 apartamentos funcionais da Câmara, 45 permanecem ociosos, elevando a despesa com pagamento de aluguel para deputados que optam em morar em hotéis ou imóveis não pertencentes à Casa.

Prevê-se também, na justificativa, um "ganho real" para a União, uma vez que os imóveis reformados ¿ construídos há aproximadamente 30 anos ¿ tendem se valorizar com as obras. Segundo a comissão, a reforma "dotará as unidades residenciais selecionadas de condições de habitabilidade, revestindo-se em economia para o erário, a médio e longo prazos". Ainda em estudo na Casa está a construção do prédio que abrigará o quinto anexo da Câmara. O custo da obra, não revelado pela assessoria de imprensa da Casa, deve ser coberto pela receita da venda da folha de pagamentos da Câmara ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal. O contrato, selado em maio deste ano, teve valor total de R$ 220 milhões, dividido em R$ 187 milhões para a Banco do Brasil e R$ 33 milhões para a Caixa.

Jardim

No Senado, a construção de um viveiro de plantas auto-sustentável é a obra mais vistosa que desponta no quadro de investimentos da Casa, na reta final do mandato do presidente Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN). Sob a caneta de Garibaldi ¿ que tenta viabilizar sua reeleição para mais dois anos no cargo mais alto do Senado ¿ os apartamentos funcionais de senadores também devem passar por uma recauchutagem, ao custo de R$ 82 mil.

Por conta do orçamento enxuto de 2009, a construção do túnel ligando Congresso e o Palácio do Planalto foi postergada indefinidamente. Já o jardim do Senado deve custar aos cofres públicos algo em torno de R$ 315 mil e contará com viveiro de plantas e composteira "totalmente ecológicos e auto-sustentáveis", de acordo com o edital publicado no site da Casa.