Correio Braziliense, n.21126 , 28/03/2021. Brasil, p.6

 

Recorde de mortes em um sábado: 3.438

Sarah Teófilo

Marina Barbosa

28/03/2021

 

 

CORONA VÍRUS » Número de óbitos segue em alta preocupante, mesmo durante o fim de semana, quando, em geral, há subnotificação. Com isso, a semana epidemiológica, de 21 de março até ontem, terminou com 17.798 óbitos, a mais letal de toda a pandemia

O Brasil registrou, ontem, mais 3.438 óbitos por covid-19 nas últimas 24 horas, chegando a 310.550 mortes pela doença, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde. A quantidade é a maior registrada em um sábado desde o início da pandemia. Com isso, a semana epidemiológica (de 21 de março até ontem) terminou com 17.798 óbitos, a mais letal de toda a pandemia.

Na semana epidemiológica anterior (14 a 20 de março), foram registradas 15.650 mortes.Os números de óbitos só têm aumentado desde o final de fevereiro, na semana epidemiológica 8 (21 a 27 de fevereiro), após as festas de fim de ano.

Também foram registrados ontem 85.948 novos casos de covid-19 em 24 horas, chegando a 12,490 milhões. São Paulo é o estado com a maior quantidade de óbitos, com 71.747, sendo que 1.051 foram registrados nas últimas 24 horas.

O país passa por uma onda de casos e mortes mais dramática do que em 2020, com números de mortes diárias ultrapassando os 3 mil, marca atingida pela primeira vez na última terça-feira (23), com 3.251 registros. Na sexta-feira passada, o Brasil bateu novo recorde, chegando a 3.650 mortes em 24 horas.

Enquanto isso, o processo de vacinação caminha a passos lentos. Segundo a plataforma Our World in Data, o país vacinou apenas 6,1% de sua população, enquanto países como Israel, Reino Unido e Chile, os três que mais vacinaram até o momento, já imunizaram 60,3%, 43,2% e 33,3% da sua população, respectivamente. Ontem, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou que a pasta irá distribuir mais 11 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 entre os estados brasileiros na próxima semana.

"Elas já chegaram e vão ser distribuídas para os estados segundo os critérios do Programa Nacional de Imunização", contou o ministro, em entrevista à GloboNews. Queiroga afirmou, na última semana, que a intenção é atingir a meta de imunizar 1 milhão de pessoas por dia no país, mas não deu uma data para o feito.

Ontem, ele voltou a falar sobre o assunto, dizendo que o país está próximo de atingir a meta. "Fizemos um compromisso de, no começo de abril, vacinar 1 milhão de brasileiros por dia. E essa meta está muito próxima de ser atingida. Ontem, vacinamos mais de 800 mil brasileiros. Isso mostra a força do programa nacional de imunizações", contou o ministro, em vídeo compartilhado nas redes sociais.

Queiroga também pediu que os brasileiros usem a máscara de proteção e respeitem as medidas de distanciamento social exigidas pela pandemia de covid-19, inclusive no feriado da Semana Santa, na próxima semana.

"As máscaras ajudam a bloquear a circulação do vírus. Sabemos que muitas famílias brasileiras gostam de confraternizar, se juntar em casa, até mesmo por conta da tradição cristã. Mas façam isso usando máscara, resguardando o afastamento recomendado pelas autoridades sanitárias. É muito importante para todo o Brasil que consigamos aderir às recomendações das autoridades sanitárias. Cada um tem que saber do seu papel para pôr fim à pandemia", pediu.

Registros disparam desde a 8ª semana

* Mortes por covid-19
7ª semana (14 a 20 de fevereiro): 7.445
8ª semana (21 a 27 de fevereiro): 8.244
9ª semana (28 de fevereiro a 6 de março): 10.104
10ª semana (7 a 13 de março): 12.777
11ª semana (14 a 20 de março): 15.650
12ª semana (21 a 27 de março): 17.798

* Casos registrados de covid-19

7ª semana: 329.394
8ª semana: 378.084
9ª semana: 421.604
10ª semana: 500.722
11ª semana: 510.901
12ª semana: 539.903

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MPF exige medidas para não faltar oxigênio

Sarah Teófilo

28/07/2021

 

 

O Ministério Público Federal (MPF) enviou ao Ministério da Economia um ofício solicitando medidas urgentes em relação à produção e à disponibilidade de oxigênio medicinal, ao alertar que há situação de risco de desabastecimento do produto no sistema de Saúde. No documento, o órgão apontou que a situação está crítica em 13 estados: Acre, Rondônia, Mato Grosso, Amapá, Ceará, Rio Grande do Norte, Pará, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O MPF pediu, então, que a pasta informe sobre as medidas adotadas junto com o Ministério da Saúde e também perante o setor produtivo para resolver o risco de desabastecimento. O ofício foi assinado por procuradores da Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe na última quinta-feira (25), dando prazo de três dias para resposta.

O Ministério Público ressaltou a situação de falta de oxigênio em Manaus, em janeiro, quando pacientes morreram por asfixia em unidades de saúde devido à falta do insumo. Segundo o órgão, após reuniões realizadas na última semana com fabricantes e distribuidores de oxigênio no Brasil, há necessidade de adotar medidas de contingência, como o direcionamento da produção para o setor da Saúde.

O MPF pontuou que a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) informou que o oxigênio para pacientes com covid-19 está prestes a acabar em pelo menos 78 municípios, ressaltando que há diversas informações que indicam que "o crescimento acelerado da demanda por oxigênio medicinal pode não conseguir ser suprida pelas fabricantes."

Escassez

Em reunião realizada entre o MPF, o Ministério Público do Trabalho e representantes da empresa White Martins (produtora de oxigênio), a empresa informou que foram realizadas diversas reuniões com o Ministério da Economia. Em uma delas, com a presença da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), foi solicitado ao ministério, em conjunto com o Ministério da Saúde, que fosse realizada "uma atuação junto ao setor produtivo industrial, a fim de adotar medidas para equacionamento do problema, nesse momento de escassez do produto e atingimento dos limites de produção, para que a indústria consiga disponibilizar maior quantidade de oxigênio medicinal líquido e abastecer o sistema de saúde".

Em janeiro, o governo federal aumentou o imposto sobre a importação de cilindros de oxigênio duas semanas antes do colapso em Manaus. Além disso, o Gabinete Integrado de Acompanhamento da Epidemia de Covid-19 (Giac) do MPF enviou ao Ministério da Saúde quatro ofícios tratando da situação de desabastecimento de insumos, como oxigênio medicinal e remédios do chamado "kit intubação", no Rio Grande do Norte, Piauí, Pará e em Montes Claros (MG). O gabinete pediu ao ministro Marcelo Queiroga "a análise e adoção de providências urgentes para mitigar os problemas relatados". O MPF informou que o Giac vem enviando ao ministério há mais de uma semana alertas similares para evitar um colapso nas localidades.