Correio Braziliense, n.21128 , 30/03/2021. Brasil, p.5

 

Apelo aos estrangeiros

30/03/2021

 

 

Cansados de esperar por uma atuação mais efetiva do governo federal, prefeitos buscam mobilizar a comunidade internacional para captar recursos que auxiliem o Brasil a superar o dramático momento da pandemia da covid-19. Ressaltando que o país é o atual epicentro da doença no mundo, e responsável por produzir variantes do novo coronavírus, prefeitos produziram um vídeo pedindo socorro à comunidade estrangeira.

“Nós somos prefeitos do Brasil e precisamos de ajuda”, diz a mensagem, gravada com apoio da organização Vital Strategies. Participam da campanha, encabeçada pela Frente Nacional dos Prefeitos, os prefeitos de Fortaleza, Belém, Pelotas, Salvador, Florianópolis, Caruaru, Rio de Janeiro e Aracaju.

Narrando o atual cenário de desabastecimento e precariedade assistencial, os gestores municipais chamam a atenção para a necessidade de se aumentar a imunização contra a covid-19. “Quanto maior a proporção da população vacinada, menores os riscos. Acreditamos que, com ajuda de outras nações, podemos disponibilizar leitos, medicamentos, testagem gratuita, vacina, oxigênio para ajudar as populações mais vulneráveis”, solicitam no vídeo.

Em outra frente, esta junto ao recém-criado comitê covid-19 e articulada pelo Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), governadores também pediram o fortalecimento da colaboração com a comunidade internacional. Esse, aliás, foi mais um dos ingredientes para a queda de Ernesto Araújo do Ministério das Relações Exteriores, sobretudo por conta da repercussão de que o chanceler atuou contrariamente à participação brasileira na aliança multilateral Covax Facility.

No Senado

Em audiência pública no Senado, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, reforçou que tentará adiantar mais vacinas adquiridas do consórcio Covax. Conforme adiantou, a possibilidade é articulada com os Estados Unidos, por meio de uma proposta de permuta. “Não é uma questão logística, é uma questão de disponibilidade de vacinas para esses primeiros meses”, reconheceu.

Queiroga também pediu um “voto de confiança” aos parlamentares, defendeu o uso de máscara e o distanciamento social para conter o avanço do novo coronavírus. Afirmou, ainda, ter “carta branca” do presidente Jair Bolsonaro para escolher uma equipe técnica na pasta.

Sobre insumos e leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), prometeu esforços para viabilizar a importação de insumos para intubação em 15 dias, mas cobrou uma organização de estados e municípios. “O ministro da Saúde não pode ser o AGR, o almoxarife-geral da República, só para cuidar dessa agenda. Não é só jogar a bomba aqui, tem que participar. Vamos compartilhar as responsabilidades. O Ministério da Saúde não pode ficar só enxugando gelo”, pediu.