O Globo, n.31995 , 13/03/2021. Economia, p.18

 

Bolsonaro critica estados por pagarem auxílio

Daniel Gullino

13/03/2021

 

 

Presidente diz que governadores querem fazer um Bolsa Família próprio e que O resultado dessas medidas é que “quanto mais gente vivendo de favor do Estado, mais dominado fica esse povo

O presidente Jair Bolsonaro criticou ontem o fato de governadores pagarem auxílio emergencial, apesar de o governo federal também fazer o mesmo. Segundo Bolsonaro, “quanto mais gente vivendo de favor do Estado, mais dominado fica esse povo”.

O comentário do presidente foi feito enquanto ele criticava medidas de restrição à circulação, adotadas por governadores e prefeitos para diminuir o contágio do novo coronavírus, no momento em que o país registra mais de 2 mil mortes por dia. Bolsonaro disse que o resultado dessas medidas é que as pessoas passam a ser sustentadas pelo Estado.

— Pessoal vai devagar, devagar, tirando seus meios, tirando sua esperança. Tirando seu ganha-pão. Você passa a ser obrigado a ser sustentado pelo Estado — disse o presidente, em conversa com apoiadores, no Palácio da Alvorada. E continuou:

—Você viu que tem governador agora que está falando em auxílio emergencial? Querem fazer o Bolsa Família próprio. Quanto mais gente vivendo de favor do Estado, mais dominado fica esse povo.

O governo federal deve recomeçar a pagar em abril o auxílio emergencial. Essa nova fase do programa deverá abranger 46 milhões de famílias.

O Rio é um dos estados que instituiu o auxílio emergencial regional. A medida, aprovada no mês passado pela Assembleia Legislativa (Alerj) prevê pagamento de R$ 300 até o fim do ano. As regras do programa determinam que os repasses serão interrompidos caso o beneficiário tenha direito também à ajuda federal, mas só durante os meses de repasses da União.

O programa fluminense será financiado com recursos parados em fundos. Em entrevista ao GLOBO, o governador em exercício Claudio Castro afirmou que não descartava estender o programa para 2022, caso a pandemia se agrave e o quadro de desemprego em alta persista.