O Globo, n.31999 , 17/03/2021. Sociedade, p.13

 

Brasil bate novo recorde com 2.798 mortes por covid em 24h

Evelin Azevedo

Renato Grandelle

17/03/2021

 

 

Cinco estados tiveram seu pior dia desde o começo da pandemia

O Brasil registrou ontem 2.798 mortes por Covid-19, um novo recorde em 24h (foram quase dois brasileiros mortos por minuto). O país contabiliza 282.400 vidas perdidas para o novo coronavírus desde o começo da pandemia. De todos os países do mundo, apenas os EUA registraram mais mortes em apenas um dia: 4.465 em 12 de janeiro deste ano.

A média móvel de mor tesno Brasil também alcançou seu patamar mais alto pelo 18º dia consecutivo: 1.976. O índice é 48% maior doque o registrado duas semanas atrás.

Cinco estados também atingiram, ontem, seus recordes de mortes em 24h desde o começo da pandemia: São Paulo (679); Rio Grande do Sul (501); Paraná (307); Santa Catarina (167); e Mato Grosso do Sul (39).

Os dados são do consórcio formado por O GLOBO, Extra, G1, Folha de S.Paulo, UOL e O Estado de S. Paulo que reúne informações das secretarias estaduais de Saúde divulgadas diariamente até as 20h.

Doutor em Epidemiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Paulo Petry avalia que o “absurdo” recorde de mortes pode ser explicado diante da quantidade de pessoas que estariam desdenhando da força da pandemia, além da ineficácia da campanha de imunização do governo.

— Sabemos as razões para essa tragédia: o negacionismo, o ritmo lento de vacinação, a circulação de novas linhagens, entre outros fatores. A ocorrência de novos casos, internações e mortes torna-se inevitável.

Petry também atribui o alto índice de letalidade ao colapso do sistema de saúde e à exaustão das equipes médicas.

—Vemos filas por leitos, e, a cada dia, o quadro do paciente vai piorando. Por isso, quando chega à UTI, sua situação está muito grave.

Na avaliação de Mellanie Fontes-Dutra, biomédica e neurocientista da UFRGS e divulgadora científica pela Rede AnáliseCovid-19, a reduçãoou não das mortes depende do engajamento da sociedade.

— Se reduzirmos a mobilidade, os contatos, aderirmos às restrições e às medidas de enfrentamento, ainda veremos números altos por cerca de duas a quatro semanas, muito em função do atraso de notificação. No entanto, serão poucas semanas se comparado a um cenário de não redução da mobilidade.

Novos 84.124 casos foram notificados pelas secretarias de saúde, totalizando 11.609.601 infectados pelo Sars-CoV-2. A média móvel foi de 69.226 diagnósticos positivos, 22% maior do que o cálculo de 14 dias atrás.

O Brasil é o segundo país mais impactado pela pandemia do coronavírus. Fica atrás apenas dos EUA, que têm 536,8 mil mortes e 29,5 milhões de infectados, segundo a Universidade Johns Hopkins.

MENOS DE 5% VACINADOS

Vinte e quatro estados atualizaram seus dados sobre vacinação contra a Covid-19 nesta terça-feira. Em todo o país, 10.389.077 pessoas receberam a primeira dose de um imunizante, o equivalente a 4,91% da população brasileira. A segunda dose da vacina, por sua vez, foi aplicada em 3.791.197 pessoas, ou 1,79% da população nacional.