O Globo, n.32008 , 26/03/2021. Sociedade, p.12
Falta de ‘kit intubação’ faz hospital fechar UTI em SP
Pedro Zuazo
Felipe Grinberg
26/03/2021
Entidade que reúne hospitais particulares diz que, se estoques não forem repostos, metade das unidades do Rio deve suspender atendimentos na próxima semana; para diretor do Pedro Ernesto, situação está perto do colapso
A escassez de medicamentos necessários para a internação e a intubação de pacientes com Covid-19 pode provocar um colapso no atendimento em unidades de saúde particulares do Rio. O alerta é do vice-presidente da Associação de Hospitais do Estado do Rio (Aherj), Marcus Quintella.
Segundo ele, algumas unidades já suspenderam internações, fecharam centros cirúrgicos e começaram a transferir pacientes para a rede pública por falta de anestésicos e relaxantes musculares. Se os estoques não forem repostos até semana que vem, metade da rede privada no estado pode entrar em colapso.
Em um comunicado publicado ontem, a associação que representa instituições privadas alerta para o “risco de desabastecimento dos principais fármacos necessários à intubação e à ventilação mecânica”.
—Em uma semana, 50% dos hospitais vão parar o atendimento se não houver reforço. Não é questão de falta de leitos. Vão sobrar respiradores, porque vai faltar medicação para colocar o paciente no respirador —diz Quintella.
Segundo ele, o tempo médio de estoque nos hospitais particulares do Rio é de apenas dois dias para dois medicamentos importante no atendimento a doentes com Covid-19. Um dele é o Rocuronio (5ml).
Procurada, a Rede D’Or disse que a informação sobre falta de medicamentos não procede e que “todas as unidades estão preparadas para atender com segurança e qualidade todos os pacientes”.
A falta de medicamento também afeta a rede pública. Na semana passada, o Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), em Vila Isabel, ligado à Uerj, fechou seis vagas por esse motivo. E, ontem, pelo menos um leito de UTI para Covid-19 estava bloqueado, de acordo com o Censo Hospitalar da prefeitura do Rio.
—Tem sido muito difícil adquirir as medicações. A situação está perto de chegar a um colapso — disse Ronaldo Damião, diretor do Hupe.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que está distribuindo esta semana mais de 2,8 milhões de unidades de medicamentos de intubação orotraqueal (IOT) para todo o Brasil, em parceria com três fabricantes.